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FORMOSO DE MINAS

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FORMOSO

Saturday, August 19, 2006

FU-XIKO NA TRIBUNA

DISCURSO PROFERIDO PELO PROF. XIKO MENDES NA CÂMARA MUNICIPAL DE FORMOSO-MG, EM 16/11/07

Um Desabafo na Tribuna dos “ELEITOS”

(Discurso proferido pelo Historiador XIKO MENDES durante a Sessão Solene da Câmara Municipal de Formoso, realizada em 16/11/2007, para homenageá-lo).

Em nome das famílias Mendes, Rodrigues e outras com quem tenho laços de parentesco em Formoso. Em nome da minha esposa Sandra Araújo, e dos meus filhos Maíra Évelin e Rodrigo Mário – pessoas que formam a família que estou construindo. E em nome dos amigos, parentes e admiradores que tenho nesta cidade e marcam presença igualmente no Plenário desta egrégia casa de leis onde a voz do Povo deve ecoar, vibrante e profundamente nos ouvidos das autoridades que elegemos, QUERO AGRADECER DO FUNDO DO CORAÇÃO e da maneira mais sincera possível esta Homenagem prestada pelo PODER LEGISLATIVO de Formoso.

O RECONHECIMENTO PÚBLICO do meu trabalho como pesquisador da História de Formoso no dia de hoje é a prova de que a cultura é instrumento balizador do progresso dos povos. É a Cultura que transforma os homens; é a Cultura que lapida personalidades e promove o espírito humano instigando-o à preservação de seus valores, de sua história, de seu folclore, e à conservação de seu meio ambiente. Estou certo que foi essa Cultura, sem nenhuma modéstia, que mobilizou a CÂMARA DE FORMOSO a tomar iniciativa tão alvissareira.

Obrigado, meu amigo e Prof. Odair Guedes, ex-vereador desta Casa na Legislatura anterior e que, ignorando as picuinhas e diferenças políticas, colocou o respeito ao meu trabalho intelectual acima de tudo; e conseguiu aprovar, nesta Casa, a Resolução nº: 76/2004 concedendo-me esta homenagem, que não foi dada na época por razões outras! Obrigado Vereadora, líder sindical, mulher de luta, orgulhosa de sua origem negra e geralista como eu – Raimunda Barbosa – por ter lembrado da necessidade de me conferir esta homenagem na atual Legislatura!


Nesta oportunidade, que é rara, quero agradecer a Deus que a mim delegou o dom de escrever, e, sobretudo, a missão de construir um conjunto de informações que resultou no meu livro sobre a História de Formoso. Quero agradecer a família maravilhosa que tenho – aqui simbolizada pelos meus pais quase octogenários. Sem essa família não seria possível empreender missão tão árdua.

Minha mãe, mulher simples, analfabeta, mas que soube enxergar além da própria sombra, sendo a grande promotora da minha e da educação de outros irmãos. Dona Esteva, gente do sertão dos Gerais do Carinhanha que veio viver um bom tempo na beira do Barreiro, para plantar sonhos e fazer nascer palavras por meio das minhas mãos. Seu João de Firmino da Muriçoca, meu pai, único filho homem numa numerosa família de mulheres, casou cedo, foi arrimo de família, e mudou pra Fazenda Rasgado de Dona Idalina, viúva de Seu Martinho Gomes Ornelas. Ali onde eu nasci ele consolidou sua profissão de vaqueiro e respeitado tocador de boiadas nos anos 1960/1970. Pai de dez filhos, e também analfabeto, homem simples, mas o meu herói. Sem ler nem escrever aprendeu a interpretar os sentidos do Mundo palpitando olfato em cheiro de terra molhada nas primeiras chuvas no fundo dos currais cheios de gado; aprendeu a valorizar a vida fitando os olhos no horizonte em cima de cavalos em disparada correndo atrás de vaca xucra ou amansando potros ou boi de carro. Este meu herói criou-nos todos com a sabedoria do homem rústico do sertão: dando-me lições de honestidade e que só por meio do trabalho duro poderemos realizar sonhos, mudar nossa realidade e sermos exemplos para as gerações seguintes.

As meus pais, meu muito obrigado!

Sandra Araújo, minha companheira de viagem há dez anos, musa de sonhos itinerantes, que transitam, inquietos, entre o acaso e o impossível, na minha imaginação parteira de projetos a favor da minha terra. Você, Sandra, é parte indispensável em tudo o que já fiz nesse início de século XXI como esposa responsável, como mãe exemplar dos meus filhos ou como amiga com quem confabulo e troco confidências nos momentos angustiantes ou felizes como este desta noite. Você, Sandra, foi o meu norte quando me desiludi em 2002 com a profissão de historiador. Foi você que me fez dar continuidade a esse projeto cultural que hoje se conclui com o lançamento de mais duas obras sobre Formoso e com as quais dou por encerrada a TRILOGIA “Formoso de Minas para o Mundo”, que foi planejada em três volumes há mais de vinte anos na cabeça daquele Menino da Capuava, perdido em horizontes grávidos de idéias que me pareciam irrealizáveis. Obrigado, minha esposa, por ter mantido em mim aquele sonho de menino aos doze anos: ser historiador de Formoso!

Quero aproveitar, mais uma vez, para lembrar o nome do meu primo, Professor Sirilo Rodrigues, que o tempo todo atuou, informalmente, como secretário particular desse meu projeto de pesquisa, que resultou na publicação da História de Formoso. Parabéns, Sirilo! Você também é um vencedor que trilha pinguelas em rios de areia movediça. Mais do que primo, você é um amigo-irmão!

Quero agradecer aqui outras pessoas, muitas das quais já falecidas, e que foram as primeiras que me incentivaram a escrever a História de Formoso: Dona Ana Pereira de Souza – nossa Primeira Professora, fundadora da primeira escola neste Município; Seu Vanderlino Ornelas – primeiro Prefeito de Formoso; o ex-Vereador Osvaldino Ornelas, pois ambos sempre acreditaram na minha capacidade de escrever sobre o passado desta Cidade. Mas quero agradecer também aquele que é o mais importante, o mais especial de todos na definição de minha vocação como Historiador desta Cidade: Valdivino Mendes, irmão, amigo e sobretudo meu grande incentivador, a quem peço uma salva de palmas neste momento. Uma salva de palmas, por favor!

Parabéns, Valdo, por tudo o que representa como autodidata na minha formação! Sem você não teria me tornado um leitor, pois os primeiros livros, os primeiros mapas, enfim, tudo o que li pela primeira vez de forma contínua veio de sua biblioteca particular ao longo dos anos 1980 quando aqui cursava o ensino fundamental na Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas. Foi a partir do incentivo de Valdo, que sempre estava no quarto lendo livros na casa dos meus pais, que passei daí em diante a freqüentar a Biblioteca Pública Municipal Apolinário Rodrigues dos Santos, tendo por companhia a amiga DORINHA DE SEU FELIM, que naqueles anos 1980 – decisivos na minha formação – dirigia esta que era a única instituição difusora de conhecimentos em Formoso.
Parabéns, Valdo!! Sem você minha vida intelectual não estaria completa por que foi você quem me despertou para a leitura; quem me levou a gostar de história; quem me fez descobrir o prazer de estudar! Você é um daqueles raros homens que 20, 30 anos atrás não conseguiu estudar porque escola era privilégio de poucos neste país, mas você derrotou o analfabetismo aprendendo a ler e escrever por conta própria quando papai era vaqueiro na Fazenda Rasgado; só lamento que não possível a você, Valdo, derrotar, além da analfabetismo, a indiferença, a discriminação e o descaso de muitas autoridades que no Brasil, ainda hoje, continuam achando que investimentos em Educação e Cultura devem ser tratados com enrolação e desprezo como se investir na produção e transmissão de conhecimentos fosse despesa, e não uma aposta segura no futuro da Pátria e na construção dos sonhos coletivos de um povo merecedor do progresso intelectual como é o Povo Brasileiro.

A Homenagem que recebo nesta noite de primavera só está sendo possível por que em primeiro lugar acreditei em mim mesmo. Acreditar em si mesmo deve ser a missão de todo formosense. Cidade pequena, com poucas oportunidades, com mercado de trabalho insuficiente para todos e com baixo poder aquisitivo, o que mais precisa em Formoso é AUTO-ESTIMA. E auto-estima é você dar às pessoas o direito de elas serem alguém, convidá-las a seguir em frente, a acreditar no futuro, a estudar, a vencer com a própria inteligência por que aos Pobres, além da ajuda de Deus, pouco resta neste país com profundas desigualdades, se não utilizarem da própria inteligência para – como fez Moisés com seu bastão bíblico – abrir o caminho das águas nadando contra a corrente, ignorando a indiferença, passando por cima do preconceito e da falta de consciência de gente que acha que pobre não é capaz de nada – que a ele o Governo deve dar esmola, pagar uma receita médica, uma conta de luz atrasada, um bujão de gás, mas pobre é gente! Pobre é gente capaz de mudar o destino histórico do lugar onde mora! Basta querer e ter consciência.

A pessoa de origem humilde neste País só tem uma opção para se desenvolver sem se tornar refém de políticos populistas e seus programas de assistencialismo demagógico que apenas perpetuam a miséria: Estudar! Estudar, investir na aquisição de conhecimentos, priorizar a educação dos filhos... Essa é a única alternativa para que as pessoas humildes deste país sejam respeitadas por boa parte das elites brasileiras que só enxergam os anônimos compatriotas deste imenso país se ele ostentar um diploma universitário nas mãos ou tiver status imposto pela força do dinheiro simbolizado, por exemplo, em fazendas ou em gordas contas bancárias. Político que trata pobre dando-lhe um bujão de gás, pagando-lhe um remédio ou dando carona em beira de estrada sem parada coberta com a ilusão de que isso é promoção do Desenvolvimento no Município é político que aposta no analfabetismo e no desemprego como armas do continuísmo populista no poder abrindo-lhe a possibilidade de ficar três, quatro mandatos no governo. O povo está cansado dessa estratégia demagógica. Nós temos que nos valorizar! Temos de exigir que os políticos eleitos pelo Povo Brasileiro invistam no progresso material, moral e intelectual das crianças e adolescentes de Municípios como Formoso!

Mas ainda tem gente entre nós achando que o cidadão formosense, fruto da educação de nossas escolas e da competência de nossos professores, também não é capaz de ser, por exemplo, um escritor como Xiko Mendes ou um deputado como Djalma Rocha, ex-aluno de Dona Ana nos anos 1940, e que se elegeu várias vezes para representar o Povo do Estado de Mato Grosso na década de 1970.

Acredite em você, formosense! Acredite que vocês são capazes de mudar a própria vida, de virar a página da história de Formoso, para construir um tempo de mudanças, mudança de consciência, mudança de comportamento. E só a Educação pode fazer isto em Formoso. Dona Ana foi quem abriu nossos olhos para isto. Dona Jacinta, Dona Édna, Dona Valdivina, Dona Marilene, Dona Éster, Dona Orozina e tantas outras professoras do meu tempo de infância e que por respeito chamávamos de donas, simbolizam essa guerra contra o nosso atraso naqueles já distantes anos 1970, 1980. A essas donas, que semeavam conhecimento como água descendo de nascentes, fluindo límpida, suave e cristalina, meu muito obrigado! Que os educadores em Formoso, hoje, possam espelhar no exemplo heróico dessas que eram donas de verdade: donas da vontade de tirar Formoso da vala comum de qualquer povo que não prioriza educação e cultura, que é o subdesenvolvimento. Foi a auto-estima dessas donas-professoras, que nunca deixaram de acreditar no potencial das crianças e adolescentes nascidos em Formoso, que já levou tantos filhos deste Município ao sucesso em Brasília e em tantos outros lugares.

Minhas Senhoras, Meus Senhores, Convidados de Xiko Mendes, parentes, amigos, autoridades e admiradores,

AUTO-ESTIMA é a marca da diferença entre os que não acreditam no potencial de Formoso e de sua gente, e aqueles que, como eu e aquelas donas-professoras, apostou no sonho de que um dia uma dessas crianças fosse capaz de dar a vocês e a esta cidade este livro – Formoso de Minas no final do Século XX: 130 Anos! – um livro que me consumiu dezessete anos de pesquisa, leituras que me ocuparam centenas de finais de semana, várias e várias férias debruçado lendo livros e documentos em noites de insônia, seis meses de redação, e muito dinheiro, muito dinheiro à conta-gotas, comprando livros para conhecer mais a região, viajando em busca de documentos, telefonando para dezenas e dezenas de pessoas, fotografando o Município, ouvindo pacientemente a história de cada personagem-narrador, conhecendo a história de cada lugar deste município, tudo por minha conta exatamente por que não achei ninguém que financiasse a minha pesquisa desde quando a comecei no início dos anos 1980 até concluí-la com a publicação desta obra em abril de 2002 aqui neste Plenário. Sei que realmente era difícil acreditar.

Como acreditar que um filho de pais analfabetos nascidos nos gerais da fronteira Bahia-Minas, que mudaram pra Formoso em 1960 pra serem vaqueiros, pudesse dar cabo a uma tarefa tão gigantesca como esta (?): um livro de 645 páginas com uma centena de documentos e quase 350 fotografias reproduzidas! Num país que ainda tem 11,6% de sua população analfabeta, um país onde mais de 400 municípios ainda não têm sequer uma pequena e precária biblioteca, um país onde 70% dos municípios ainda não têm faculdade, um país onde metade dos municípios ainda não investe em informática nas escolas, um país onde o ensino em metade dos nossos municípios ainda é responsabilidade dos governos estaduais – como atestam pesquisas recentes – é realmente difícil ter alguém para acreditar num projeto de pesquisa tão ousado como foi o que resultou neste livro. Não me deixei vencer pela indiferença. Mantive-me convicto, crente de que era capaz de fazê-lo. E você, criança formosense, e você, estudante formosense, também são capazes de transformar sua própria realidade; basta querer, estudar, acreditar! Sonhar e definir metas para concretizá-las.

Eu acreditei em mim mesmo! Acreditei por que – como diz nosso Prefeito Luizinho – “a gente tem que acreditar”. E em maio de 2000, finalmente, assinei com a Prefeitura de Formoso um contrato onde o Governo Municipal assumia o compromisso de pagar uma gráfica que imprimisse meu livro. Neste contrato, doei a metade da obra ao Poder Público – 500 livros! – 250 deles deveriam ser distribuídos para autoridades dirigentes de entidades do Poder Público. A Prefeitura, de acordo com o CONTRATO, só poderia distribui-los para pessoas jurídicas de direito público. Os outros 250 eram para as escolas de Formoso. Mas o que a Prefeitura fez com esses 500 livros que eu doei? 250 foram recebidos pelo Prefeito Luizinho durante sua posse no início de 2005; e ele se comprometeu comigo de não tomar nenhuma decisão sobre a destinação deles antes de honrar as obrigações pendentes descumpridas pela gestão passada. A outra metade, mais 250, não foram encontrados dentro da Prefeitura nem as escolas foram contempladas com doação no Governo passado. O que foi feito com esses 250 livros? Foram encaixotados em algum lugar secreto? Jogaram fora? Queimaram ou enterraram? Deram para os eleitores fazendo política com o bolso alheio?

Muitas são as respostas que o povo dá e muitos são os livros que estão aí na mão de pessoas que não compraram de mim, mas certamente ganharam de alguém, que não foi o autor. O certo é que foi cometido um crime contra o conhecimento porque impediram aos nossos professores o direito de usar este livro e impediu, também, o autor de vender a sua cota já que pessoas físicas ganharam o livro de quem não estava autorizado a dar inviabilizando a venda dos meus pela Auto-peças Central, da Senhora Marizete, a quem aproveito para registrar minha gratidão por seu trabalho a favor da cultura.

O contrato que resultou na edição deste primeiro livro sobre Formoso determinava várias obrigações não cumpridas pelo Governo Municipal. Vejam algumas delas: 1ª) – A Prefeitura venderia duzentos exemplares da minha cota, totalizando o valor de 10.000,00 em 2002. Essa cláusula contratual não foi respeitada. 2ª) – A Prefeitura patrocinaria os lançamentos deste livro. Foram feitos três lançamentos totalizando o valor de 2.200,00 comprovados com notas fiscais, pagos por mim, porque a Prefeitura também desrespeitou essa cláusula do Contrato dando calote na quitação das despesas. 3ª) – A Prefeitura não poderia distribuir 450 dos 500 livros que recebeu enquanto eu, como autor, não recebesse os 10.000,00 aqui citados. A Prefeitura distribuiu livros para quem quis num flagrante ato de desrespeito ao contrato assinado comigo, pois sumiram 250 da cota por mim doada totalizando – só aí – um prejuízo indireto de 12.500,00. 4ª) – A Prefeitura assumiu no Contrato o compromisso de pagar reportagens promovendo a divulgação do livro para me facilitar a venda dele fora de Formoso. Na época os jornais do Noroeste de Minas vendiam páginas para o Governo passado a 1.500,00. Nenhuma página foi paga pela Prefeitura com esse objetivo impondo mais prejuízos a mim como autor. Em compensação, grandes jornais de circulação nacional como CORREIO BRAZILIENSE e ESTADO DE MINAS, este de Belo Horizonte, destinaram páginas primorosas para elogiarem meu livro sobre Formoso não me cobrando um centavo.

Como se pode ver, entre prejuízos diretos e indiretos, a PREFEITURA MUNICIPAL DE FORMOSO, no ano 2002, deixou um prejuízo estimado em mais de 26.000,00 que se fossem corrigidos monetariamente em 2007 seguramente ultrapassariam a casa dos 35.000,00. Diante desse gigantesco prejuízo e indignado com esse calote moral e financeiro, tornei-me prisioneiro do silêncio aguardando a posse do novo governo e sem lugar na minha casa para guardar 500 livros que estão mofando vítima da concorrência desleal imposta em 2002 pelo Governo da minha cidade. Fui punido pelo crime de preservar a memória do Povo de Formoso. Fui punido pelo crime de valorizar o pioneirismo de homens e mulheres que devotaram sua vida a lutar por um Formoso melhor. Será que a Prefeitura de Formoso, em 2002, decidiu de fato me penalizar por causa disso? Parece incrível, mas hoje, cinco anos depois, tenho a sensação de que já cumpri a minha sentença ditada pelo Governo passado: a de sofrer cinco anos para exigir o cumprimento de um contrato meu com o Governo da minha terra.

Foi nessa luta contra a impunidade e o calote, que marquei reunião, na Secretaria Municipal de Educação de Formoso, em 12 de agosto de 2005, com a presença do novo Prefeito, LUIZ CARLOS SILVA, e da Titular desta Pasta, Profª Vera Ornelas, e acertamos a assinatura de novo CONTRATO, cuja vigência encerrou agora dia primeiro de junho de 2007, onde a Prefeitura Municipal de Formoso se comprometeu em pagar uma INDENIZAÇÃO parcial pelos DANOS MORAIS E MATERIAIS a mim impostos em flagrante desrespeito à LEI DE DIREITOS AUTORIAIS nº: 9.610/98 e aos artigos 541, 553, 555 e 562 do CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, já que os livros que doei se enquadram dentro do princípio da DOAÇÃO ONEROSA segundo o qual quando o beneficiário de uma doação não cumpre regras preestabelecidas, ela é suspensa ou anulada pelo doador e os prejuízos devem ser ressarcidos ao donatário.

Esse processo de indenização conduzido pelo Governo Luizinho para reparar, parcialmente, um erro da Prefeitura em 2002 não resultou de pagamento integral em dinheiro para o autor. A PREFEITURA DE FORMOSO decidiu patrocinar a publicação de um livro didático de minha autoria quitando todas as despesas decorrentes de sua redação e edição e comprometendo-se, também, com a aprovação de uma lei municipal para que os alunos de Formoso tenham aulas sobre o nosso Município. Este livro didático já foi pago pelo Governo Luizinho, a Secretaria Municipal de Educação por meio do esforço pessoal da Professora Vera Ornelas com amparo na LDB (Lei Federal nº: 9.394/96) criou uma disciplina no que é chamado de P.D – Parte Diversificada. Porém, essa lei de iniciativa do Executivo ainda não foi protocolada aqui no Legislativo e aproveitamos para pedir ao Governo LUIZINHO que não se esqueça de assim proceder sob pena de esse livro didático intitulado ECO-HISTÓRIA LOCAL – FORMOSO EM SALA DE AULA não ser usado em sala de aula nas administrações seguintes. E este livro assim como o anterior é uma DOAÇÃO ONEROSA com amparo no CÓDIGO CIVIL. Aprovar aqui na Câmara essa lei tornando obrigatória a disciplina que estuda o Município em sala de aula é, para mim, imperativo moral sem o qual não se justifica a publicação de um livro didático como este que ora é lançado nesta noite.

O Governo Luizinho, para honrar o meu CONTRATO com o governo passado, também decidiu arcar com quase metade das despesas de um outro livro de minha autoria cujo título é IDÉIAS PARA UM NOVO PROJETO DE CIDADE EM FORMOSO DE MINAS. Por último, incluiu-se igualmente como parte desse ressarcimento dos prejuízos, a devolução parcial de 180 (cento oitenta) livros dentre aqueles 250 restantes nos depósitos da Prefeitura.

Assim a PREFEITURA MUNICIPAL DE FORMOSO neste ano de 2007 cumpre, não com indenização integral em dinheiro, mas por meio de quitação de serviços gráfico-editoriais, os compromissos pendentes não honrados pelo governo passado, mas honrados pelo Governo do Prefeito Luizinho.

Parabéns, Prefeito LUIZINHO! Apesar de não ter recebido integralmente em dinheiro os prejuízos que levei, dou-me hoje por satisfeito ao ver que sua Administração é pautada no cumprimento das normas constitucionais de zelo, impessoalidade, publicidade, moralidade e regularidade dos atos e contratos licitados ou não, que são parâmetros da boa administração pública tão carente nos rincões deste imenso país. Um país ainda tragado pelo câncer da corrupção desavergonhada e pelo assistencialismo simplório que não é praticado como medida emergencial, mas como estratégia de compra de votos por coronéis de paletó e bigode travestidos de falsos democratas.

Minhas Senhoras, Meus Senhores, Autoridades Presentes,

Ao fazer aqui hoje esta PRESTAÇÃO DE CONTAS DE DOIS CONTRATOS que assinei com a Prefeitura de Formoso, o primeiro com vigência entre 2000 e 2002, e o segundo com vigência entre 2005 e 2007, quero reafirmar perante essa população de conterrâneos o meu firme compromisso com a defesa da educação, da cultura e do meio ambiente como instrumentos balizadores de um novo tempo em Formoso onde a ética na gestão pública do dinheiro da Prefeitura, que pertence ao nosso Povo, seja condição necessária para cumprimento de contratos.

Quero também por mais uma vez agradecer na pessoa da professora VERA MARIA GUEDES ORNELAS, Secretária Municipal de Educação, todo o esforço do seu Governo, Prefeito LUIZINHO, no sentido de reduzir parte dos prejuízos que resultaram em cinco anos de angústia, sofrimentos, descasos e desrespeitos à minha trajetória como Historiador de Formoso, como pessoa que dedicou metade de sua vida para juntar documentos e transformá-los em registro permanente da evolução política, institucional e cultural do Povo Formosense.

Espero que todo o meu esforço pessoal em defesa do Patrimônio Cultural, Histórico e Ambiental de Formoso possa ao longo deste século XXI ter contribuído para que novas gerações se sintam comprometidas com o desenvolvimento de uma nova consciência ética e ecológica lastreada no COMPROMISSO PÚBLICO de que as coisas do Povo pertencem ao Povo porque a Prefeitura é do Povo; essa Câmara também é do Povo! E como tal o Povo tem o direito de ser respeitado! Quem tem dívidas a receber da Prefeitura ou dessa Câmara tem o sagrado direito de tê-las quitadas!

Já passamos do tempo em que certo tipo de político neste país considerava o PATRIMÔNIO PÚBLICO como sua propriedade particular. Já passamos do tempo em que esse tipo de gente manipulava o Povo, ficava dois, três mandatos sobrepondo seus interesses privados sobre o interesse público, amparada na impunidade reinante nesta Pátria. Já passamos do tempo onde político desse tipo se perpetuava no Poder dez, quinze anos, e ainda se julgava no direito de disputar novos mandatos para retornar nos braços do Povo querendo retomar o Governo para se utilizar das mesmas práticas políticas viciadas, corruptas e intoleráveis.
O povo não tolera mais essa forma irresponsável de se fazer política no varejo sem atacar os problemas estruturais que são a causa primeira do atraso cultural, científico e tecnológico que atravanca o progresso no interior deste País. Abaixo a demagogia! Mãos à obra, Povo de Formoso!

Minhas Senhoras, Meus Senhores, Gente da minha terra,

Tenho plena certeza que esta HOMENAGEM conferida hoje pela Câmara Municipal de Formoso está sendo dada, em primeiríssimo lugar, por causa do livro FORMOSO DE MINAS NO FINAL DO SÉCULO XX – 130 ANOS! A Câmara de Vereadores de Formoso está de parabéns por lembrar de mim e valorizar meus quase trinta anos de pesquisa histórica com a entrega deste diploma honorífico que prometo ostentar no espaço mais visível da minha casa e mostrá-lo às pessoas que gozam do meu convívio.

Sei que teve pessoa da nossa comunidade contrária a essa homenagem, gente que até disse que quem quisesse elogiar Xiko Mendes comprasse para ele um trono. Essa gente faz parte daquela minoria de brasileiros que não se conforma com o sucesso profissional das pessoas que superam seus obstáculos e conquistam seu próprio espaço. A essa gente eu respondo com aquela velha frase do maior teólogo católico, Santo Agostinho: “Prefiro os que me criticam porque me corrigem, aos que sempre me bajulam porque me corrompem”.

Nunca busquei o elogio fácil. Sou de uma família humilde cujos pais criaram dez filhos e mais quase dez enteados sem nunca pedir favor a quem quer que seja, sem nunca pisar pé em repartição pública para pedir benesses de políticos. Aprendi com a minha família e desde meus tempos colegiais que não teria outra opção para ser respeitado como gente e como cidadão brasileiro se não fosse por meio da conquista de conhecimentos, da luta pela aquisição de cultura, pelo aperfeiçoamento intelectual porque um homem sem dinheiro como XIKO MENDES só dispõe de uma prerrogativa para ser visto pelas elites míopes deste país: mostrar que através da cultura, da educação... podemos não apenas ser vistos, mas, acima de tudo, sermos respeitados neste país de profundas injustiças sociais onde os grã-finos de alto coturno tragados pela inveja não admitem que gente sem dinheiro possa ter status na sociedade brasileira.

Não preciso de um trono porque não estou roubando espaço de ninguém em Formoso. Não sou caçador de diploma, não sou pedinte de honrarias, embora tenho na minha casa títulos honoríficos de prestígio conferidos por várias instituições de credibilidade tanto quanto o nosso Poder Legislativo. Se a Câmara de Formoso decide nesta noite me valorizar com tamanha HONRARIA é porque, certamente, reconhece o trabalho a favor da cultura e da história que venho realizando há décadas. E fico muito agradecido por isto.

Sei também que sou conhecido entre algumas pessoas como CHICO DOIDO. É verdade que sou doido. Sou doido porque acredito na preservação do meio ambiente em Formoso. Sou doido porque preocupo-me com a formação educacional e cultural do Povo Formosense. Sou doido porque sonho com um Formoso melhor que este que conhecemos. Sou doido, principalmente, porque sendo filho de pais analfabetos não me acomodei momento algum na busca do sucesso.

E mais uma coisa preciso dizer-lhes nesta noite: desde o lançamento do meu livro sobre Formoso em 2002 aqui neste Plenário, tenho recebido várias honrarias. Mas a primeira homenagem não foi em Formoso. Infelizmente! Por incrível que pareça, ela veio de Belo Horizonte. O Jornal Estado de Minas, por meio de Comissão Julgadora composta de pessoas ilustres do Noroeste de Minas, me elegeu na promoção anual intitulada OS MELHORES DE MINAS, dando-me em agosto de 2002 o Diploma de Honra ao Mérito como o Intelectual do Ano do Noroeste de Minas. O curioso é que perdi a data da solenidade por que o Jornal mandou o convite para a Prefeitura de Formoso, segundo me afirmou a Jornalista Iremar, repórter desse jornal, residente em Unaí. Mas nunca, nunca recebi este convite!

Em 2003 viajei 630 Km; fui até Várzea da Palma – pra lá de Pirapora! – receber a homenagem que a mim foi conferida pela Academia de Letras, Ciências e Artes do Vale do São Francisco. Recebi também da Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes de Inhumas, Goiás, Srª. Umbelina Frota, o Diploma de Sócio-Correspondente. Ainda em 2003 veio a mais importante de todas as homenagens que recebi até agora: meu primeiro livro, que é sobre a transferência da Capital Federal para Brasília, e este meu livro sobre Formoso, foram transformados em TEMA DE ESTUDO na Tese de Doutorado “MARGENS ESCRITAS: VERSÕES DA CAPITAL ANTES DE BRASÍLIA”, defendida no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, pela Professora de Antropologia da Universidade Estadual do Amazonas, Srª. Andrea Borghi. Ter não apenas um, mas dois livros meus numa tese de doutorado e, ainda por cima, na UnB – que está entre as quatro melhores do Brasil! – foi o máximo. Nada, nada pagará a felicidade de ser reconhecido assim, pois, tão importante para um escritor como ver sua obra lida pelas pessoas, passando de mão em mão, é vê-la sendo citada nas pesquisas universitárias de pós-graduação por que isto mostra a credibilidade da obra e a seriedade técnica do autor. Obrigado, Andrea Borghi! Obrigado, Universidade de Brasília!

Em Formoso... Ah, em Formoso, fiquei até final de 2004 como se meu livro tivesse entrado para o Índex da Inquisição – aquele tribunal medieval que censurava livros que não agradavam aos que se julgavam “donos da verdade, ladrões de sonhos, senhores do mundo, proprietários do futuro”.

Meu livro – Senhores e Senhoras – foi esquecido em Formoso por dois anos até 2004, pois quando vinha à Cidade perguntava: “você conhece um livro sobre Formoso? Não, nunca ouvi falar!”. Uns dizem é por que dei importância a todo mundo, falei de tudo e de todos, não escondi as verdades que sabia. O certo é que só agora, neste Governo de Sua Excelência, Prefeito Luizinho, a minha obra parece ocupar o lugar que, sem modéstia, acredito que mereça.

2005 foi o ano que entrou para a minha biografia como o ano em que fui homenageado duas vezes em Formoso: em 16 de abril daquele ano estive em Formoso para receber a primeira homenagem feita pelos meus conterrâneos, e ela veio da escola onde estudei: a Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas! No dia 14 de julho, também em 2005, na abertura oficial da Festa à Padroeira de nossa Cidade, recebi do Poder Executivo, do Governo Luizinho, a homenagem prestada pelo Departamento de Cultura em parceria com a Escola Estadual Nossa Senhora da Abadia. Aqui fica a minha gratidão nas pessoas das professoras Cássia Ornelas, Eva Reis, Ivoneide Prado e Vera Ornelas.

Em 15 de setembro de 2007 fui homenageado pela Prefeitura Municipal de Chapada Gaúcha e pela Escola Estadual Serra das Araras com lançamento do livro ANTÔNIO DÓ DE VOLTA AO GRANDE SERTÃO VEREDAS, patrocinado por aquele município como reconhecimento ao meu trabalho cultural em prol da Região. Obrigado, Prefeito Raimundinho! Obrigado, Profª Dalva Fonseca, Secretária Municipal de Educação em Chapada Gaúcha!

E 2007 também é um ano que entra duas vezes na lista de homenagens à minha biografia em Formoso: em 25 de maio desse ano estive aqui em Formoso para receber da Direção do SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE FORMOSO o título de DEFENSOR PERMANENTE DOS TRABALHADORES RURAIS por ter sido um dos principais fundadores dessa que é a primeira entidade sindical entre nós e tantos serviços já prestou aos aposentados rurais e à Classe Trabalhadora. Obrigado, Vereadora Raimunda Barbosa, promotora daquela homenagem!

Agora, neste inesquecível 16 de novembro, quando comemoro exatos doze anos da publicação do meu primeiro livro que foi pago por mim mesmo, venho neste fim de tarde primaveril quando o Cerrado floresce como a Fênix renasce das cinzas, receber do Poder Legislativo – e profundamente feliz! – esta – a homenagem que me faltava – a homenagem que foi aprovada aqui em 2004 pelo Vereador e Professor Odair Guedes. E venho recebê-la com a mesma humildade que sempre marcou a minha trajetória enquanto filho de um casal de geralistas que se sente orgulhoso de mim por ser o historiador de Formoso; venho recebê-la como cidadão formosense, como um patriota que se sente orgulhoso de dizer que é de Formoso de Minas, que é ex-morador da Capuava, que é descendente de geralistas... e que não se envergonha de dizer isto em qualquer parte deste País.

Obrigado, Prof. Odair!
Parabéns, Câmara de Formoso!

Obrigado Povo da minha Terra – lugar de gente pioneira, de gente que deve virar cada página de sua história para fazer do próprio passado uma lição de vida; um compromisso com a consciência patriótica, com o valor da família e com a construção de um tempo onde a taxa de analfabetismo seja zero, onde o asfalto ligará Formoso a qualquer lugar do Brasil, onde a energia no campo seja a luz do desenvolvimento, onde o filho do pobre tenha dignidade pessoal e importância na vida pública...! Um tempo onde outro historiador, quem sabe daqui há 50, 80 anos, quando aqui não mais eu estiver, possa contar nossa história dizendo a cada um dos filhos ou netos de pais presentes nesta Sessão Solene aquilo que Tiradentes nos disse há mais de 200 anos: “SE TODOS QUISERMOS PODEREMOS FAZER DESTE PAÍS UMA GRANDE NAÇÃO”.

E Formoso ainda haverá de ser um grande município! Basta acreditar no Povo de Formoso! Basta acreditar que temos cultura, temos história, temos talento e pessoas que nascem ou escolhem Formoso para morar e transformá-lo. Eu acredito que seremos uma grande cidade com asfalto até Buritis, com luz no campo, com meio ambiente vivo nas veredas e chapadas, com educação para todos! Acredite você também! (...).MUITO

OBRIGADO, FORMOSO DE MINAS!