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FORMOSO DE MINAS

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FORMOSO

Saturday, August 19, 2006

FU-XIKO NA TRIBUNA

DISCURSO PROFERIDO PELO PROF. XIKO MENDES NA CÂMARA MUNICIPAL DE FORMOSO-MG, EM 16/11/07

Um Desabafo na Tribuna dos “ELEITOS”

(Discurso proferido pelo Historiador XIKO MENDES durante a Sessão Solene da Câmara Municipal de Formoso, realizada em 16/11/2007, para homenageá-lo).

Em nome das famílias Mendes, Rodrigues e outras com quem tenho laços de parentesco em Formoso. Em nome da minha esposa Sandra Araújo, e dos meus filhos Maíra Évelin e Rodrigo Mário – pessoas que formam a família que estou construindo. E em nome dos amigos, parentes e admiradores que tenho nesta cidade e marcam presença igualmente no Plenário desta egrégia casa de leis onde a voz do Povo deve ecoar, vibrante e profundamente nos ouvidos das autoridades que elegemos, QUERO AGRADECER DO FUNDO DO CORAÇÃO e da maneira mais sincera possível esta Homenagem prestada pelo PODER LEGISLATIVO de Formoso.

O RECONHECIMENTO PÚBLICO do meu trabalho como pesquisador da História de Formoso no dia de hoje é a prova de que a cultura é instrumento balizador do progresso dos povos. É a Cultura que transforma os homens; é a Cultura que lapida personalidades e promove o espírito humano instigando-o à preservação de seus valores, de sua história, de seu folclore, e à conservação de seu meio ambiente. Estou certo que foi essa Cultura, sem nenhuma modéstia, que mobilizou a CÂMARA DE FORMOSO a tomar iniciativa tão alvissareira.

Obrigado, meu amigo e Prof. Odair Guedes, ex-vereador desta Casa na Legislatura anterior e que, ignorando as picuinhas e diferenças políticas, colocou o respeito ao meu trabalho intelectual acima de tudo; e conseguiu aprovar, nesta Casa, a Resolução nº: 76/2004 concedendo-me esta homenagem, que não foi dada na época por razões outras! Obrigado Vereadora, líder sindical, mulher de luta, orgulhosa de sua origem negra e geralista como eu – Raimunda Barbosa – por ter lembrado da necessidade de me conferir esta homenagem na atual Legislatura!


Nesta oportunidade, que é rara, quero agradecer a Deus que a mim delegou o dom de escrever, e, sobretudo, a missão de construir um conjunto de informações que resultou no meu livro sobre a História de Formoso. Quero agradecer a família maravilhosa que tenho – aqui simbolizada pelos meus pais quase octogenários. Sem essa família não seria possível empreender missão tão árdua.

Minha mãe, mulher simples, analfabeta, mas que soube enxergar além da própria sombra, sendo a grande promotora da minha e da educação de outros irmãos. Dona Esteva, gente do sertão dos Gerais do Carinhanha que veio viver um bom tempo na beira do Barreiro, para plantar sonhos e fazer nascer palavras por meio das minhas mãos. Seu João de Firmino da Muriçoca, meu pai, único filho homem numa numerosa família de mulheres, casou cedo, foi arrimo de família, e mudou pra Fazenda Rasgado de Dona Idalina, viúva de Seu Martinho Gomes Ornelas. Ali onde eu nasci ele consolidou sua profissão de vaqueiro e respeitado tocador de boiadas nos anos 1960/1970. Pai de dez filhos, e também analfabeto, homem simples, mas o meu herói. Sem ler nem escrever aprendeu a interpretar os sentidos do Mundo palpitando olfato em cheiro de terra molhada nas primeiras chuvas no fundo dos currais cheios de gado; aprendeu a valorizar a vida fitando os olhos no horizonte em cima de cavalos em disparada correndo atrás de vaca xucra ou amansando potros ou boi de carro. Este meu herói criou-nos todos com a sabedoria do homem rústico do sertão: dando-me lições de honestidade e que só por meio do trabalho duro poderemos realizar sonhos, mudar nossa realidade e sermos exemplos para as gerações seguintes.

As meus pais, meu muito obrigado!

Sandra Araújo, minha companheira de viagem há dez anos, musa de sonhos itinerantes, que transitam, inquietos, entre o acaso e o impossível, na minha imaginação parteira de projetos a favor da minha terra. Você, Sandra, é parte indispensável em tudo o que já fiz nesse início de século XXI como esposa responsável, como mãe exemplar dos meus filhos ou como amiga com quem confabulo e troco confidências nos momentos angustiantes ou felizes como este desta noite. Você, Sandra, foi o meu norte quando me desiludi em 2002 com a profissão de historiador. Foi você que me fez dar continuidade a esse projeto cultural que hoje se conclui com o lançamento de mais duas obras sobre Formoso e com as quais dou por encerrada a TRILOGIA “Formoso de Minas para o Mundo”, que foi planejada em três volumes há mais de vinte anos na cabeça daquele Menino da Capuava, perdido em horizontes grávidos de idéias que me pareciam irrealizáveis. Obrigado, minha esposa, por ter mantido em mim aquele sonho de menino aos doze anos: ser historiador de Formoso!

Quero aproveitar, mais uma vez, para lembrar o nome do meu primo, Professor Sirilo Rodrigues, que o tempo todo atuou, informalmente, como secretário particular desse meu projeto de pesquisa, que resultou na publicação da História de Formoso. Parabéns, Sirilo! Você também é um vencedor que trilha pinguelas em rios de areia movediça. Mais do que primo, você é um amigo-irmão!

Quero agradecer aqui outras pessoas, muitas das quais já falecidas, e que foram as primeiras que me incentivaram a escrever a História de Formoso: Dona Ana Pereira de Souza – nossa Primeira Professora, fundadora da primeira escola neste Município; Seu Vanderlino Ornelas – primeiro Prefeito de Formoso; o ex-Vereador Osvaldino Ornelas, pois ambos sempre acreditaram na minha capacidade de escrever sobre o passado desta Cidade. Mas quero agradecer também aquele que é o mais importante, o mais especial de todos na definição de minha vocação como Historiador desta Cidade: Valdivino Mendes, irmão, amigo e sobretudo meu grande incentivador, a quem peço uma salva de palmas neste momento. Uma salva de palmas, por favor!

Parabéns, Valdo, por tudo o que representa como autodidata na minha formação! Sem você não teria me tornado um leitor, pois os primeiros livros, os primeiros mapas, enfim, tudo o que li pela primeira vez de forma contínua veio de sua biblioteca particular ao longo dos anos 1980 quando aqui cursava o ensino fundamental na Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas. Foi a partir do incentivo de Valdo, que sempre estava no quarto lendo livros na casa dos meus pais, que passei daí em diante a freqüentar a Biblioteca Pública Municipal Apolinário Rodrigues dos Santos, tendo por companhia a amiga DORINHA DE SEU FELIM, que naqueles anos 1980 – decisivos na minha formação – dirigia esta que era a única instituição difusora de conhecimentos em Formoso.
Parabéns, Valdo!! Sem você minha vida intelectual não estaria completa por que foi você quem me despertou para a leitura; quem me levou a gostar de história; quem me fez descobrir o prazer de estudar! Você é um daqueles raros homens que 20, 30 anos atrás não conseguiu estudar porque escola era privilégio de poucos neste país, mas você derrotou o analfabetismo aprendendo a ler e escrever por conta própria quando papai era vaqueiro na Fazenda Rasgado; só lamento que não possível a você, Valdo, derrotar, além da analfabetismo, a indiferença, a discriminação e o descaso de muitas autoridades que no Brasil, ainda hoje, continuam achando que investimentos em Educação e Cultura devem ser tratados com enrolação e desprezo como se investir na produção e transmissão de conhecimentos fosse despesa, e não uma aposta segura no futuro da Pátria e na construção dos sonhos coletivos de um povo merecedor do progresso intelectual como é o Povo Brasileiro.

A Homenagem que recebo nesta noite de primavera só está sendo possível por que em primeiro lugar acreditei em mim mesmo. Acreditar em si mesmo deve ser a missão de todo formosense. Cidade pequena, com poucas oportunidades, com mercado de trabalho insuficiente para todos e com baixo poder aquisitivo, o que mais precisa em Formoso é AUTO-ESTIMA. E auto-estima é você dar às pessoas o direito de elas serem alguém, convidá-las a seguir em frente, a acreditar no futuro, a estudar, a vencer com a própria inteligência por que aos Pobres, além da ajuda de Deus, pouco resta neste país com profundas desigualdades, se não utilizarem da própria inteligência para – como fez Moisés com seu bastão bíblico – abrir o caminho das águas nadando contra a corrente, ignorando a indiferença, passando por cima do preconceito e da falta de consciência de gente que acha que pobre não é capaz de nada – que a ele o Governo deve dar esmola, pagar uma receita médica, uma conta de luz atrasada, um bujão de gás, mas pobre é gente! Pobre é gente capaz de mudar o destino histórico do lugar onde mora! Basta querer e ter consciência.

A pessoa de origem humilde neste País só tem uma opção para se desenvolver sem se tornar refém de políticos populistas e seus programas de assistencialismo demagógico que apenas perpetuam a miséria: Estudar! Estudar, investir na aquisição de conhecimentos, priorizar a educação dos filhos... Essa é a única alternativa para que as pessoas humildes deste país sejam respeitadas por boa parte das elites brasileiras que só enxergam os anônimos compatriotas deste imenso país se ele ostentar um diploma universitário nas mãos ou tiver status imposto pela força do dinheiro simbolizado, por exemplo, em fazendas ou em gordas contas bancárias. Político que trata pobre dando-lhe um bujão de gás, pagando-lhe um remédio ou dando carona em beira de estrada sem parada coberta com a ilusão de que isso é promoção do Desenvolvimento no Município é político que aposta no analfabetismo e no desemprego como armas do continuísmo populista no poder abrindo-lhe a possibilidade de ficar três, quatro mandatos no governo. O povo está cansado dessa estratégia demagógica. Nós temos que nos valorizar! Temos de exigir que os políticos eleitos pelo Povo Brasileiro invistam no progresso material, moral e intelectual das crianças e adolescentes de Municípios como Formoso!

Mas ainda tem gente entre nós achando que o cidadão formosense, fruto da educação de nossas escolas e da competência de nossos professores, também não é capaz de ser, por exemplo, um escritor como Xiko Mendes ou um deputado como Djalma Rocha, ex-aluno de Dona Ana nos anos 1940, e que se elegeu várias vezes para representar o Povo do Estado de Mato Grosso na década de 1970.

Acredite em você, formosense! Acredite que vocês são capazes de mudar a própria vida, de virar a página da história de Formoso, para construir um tempo de mudanças, mudança de consciência, mudança de comportamento. E só a Educação pode fazer isto em Formoso. Dona Ana foi quem abriu nossos olhos para isto. Dona Jacinta, Dona Édna, Dona Valdivina, Dona Marilene, Dona Éster, Dona Orozina e tantas outras professoras do meu tempo de infância e que por respeito chamávamos de donas, simbolizam essa guerra contra o nosso atraso naqueles já distantes anos 1970, 1980. A essas donas, que semeavam conhecimento como água descendo de nascentes, fluindo límpida, suave e cristalina, meu muito obrigado! Que os educadores em Formoso, hoje, possam espelhar no exemplo heróico dessas que eram donas de verdade: donas da vontade de tirar Formoso da vala comum de qualquer povo que não prioriza educação e cultura, que é o subdesenvolvimento. Foi a auto-estima dessas donas-professoras, que nunca deixaram de acreditar no potencial das crianças e adolescentes nascidos em Formoso, que já levou tantos filhos deste Município ao sucesso em Brasília e em tantos outros lugares.

Minhas Senhoras, Meus Senhores, Convidados de Xiko Mendes, parentes, amigos, autoridades e admiradores,

AUTO-ESTIMA é a marca da diferença entre os que não acreditam no potencial de Formoso e de sua gente, e aqueles que, como eu e aquelas donas-professoras, apostou no sonho de que um dia uma dessas crianças fosse capaz de dar a vocês e a esta cidade este livro – Formoso de Minas no final do Século XX: 130 Anos! – um livro que me consumiu dezessete anos de pesquisa, leituras que me ocuparam centenas de finais de semana, várias e várias férias debruçado lendo livros e documentos em noites de insônia, seis meses de redação, e muito dinheiro, muito dinheiro à conta-gotas, comprando livros para conhecer mais a região, viajando em busca de documentos, telefonando para dezenas e dezenas de pessoas, fotografando o Município, ouvindo pacientemente a história de cada personagem-narrador, conhecendo a história de cada lugar deste município, tudo por minha conta exatamente por que não achei ninguém que financiasse a minha pesquisa desde quando a comecei no início dos anos 1980 até concluí-la com a publicação desta obra em abril de 2002 aqui neste Plenário. Sei que realmente era difícil acreditar.

Como acreditar que um filho de pais analfabetos nascidos nos gerais da fronteira Bahia-Minas, que mudaram pra Formoso em 1960 pra serem vaqueiros, pudesse dar cabo a uma tarefa tão gigantesca como esta (?): um livro de 645 páginas com uma centena de documentos e quase 350 fotografias reproduzidas! Num país que ainda tem 11,6% de sua população analfabeta, um país onde mais de 400 municípios ainda não têm sequer uma pequena e precária biblioteca, um país onde 70% dos municípios ainda não têm faculdade, um país onde metade dos municípios ainda não investe em informática nas escolas, um país onde o ensino em metade dos nossos municípios ainda é responsabilidade dos governos estaduais – como atestam pesquisas recentes – é realmente difícil ter alguém para acreditar num projeto de pesquisa tão ousado como foi o que resultou neste livro. Não me deixei vencer pela indiferença. Mantive-me convicto, crente de que era capaz de fazê-lo. E você, criança formosense, e você, estudante formosense, também são capazes de transformar sua própria realidade; basta querer, estudar, acreditar! Sonhar e definir metas para concretizá-las.

Eu acreditei em mim mesmo! Acreditei por que – como diz nosso Prefeito Luizinho – “a gente tem que acreditar”. E em maio de 2000, finalmente, assinei com a Prefeitura de Formoso um contrato onde o Governo Municipal assumia o compromisso de pagar uma gráfica que imprimisse meu livro. Neste contrato, doei a metade da obra ao Poder Público – 500 livros! – 250 deles deveriam ser distribuídos para autoridades dirigentes de entidades do Poder Público. A Prefeitura, de acordo com o CONTRATO, só poderia distribui-los para pessoas jurídicas de direito público. Os outros 250 eram para as escolas de Formoso. Mas o que a Prefeitura fez com esses 500 livros que eu doei? 250 foram recebidos pelo Prefeito Luizinho durante sua posse no início de 2005; e ele se comprometeu comigo de não tomar nenhuma decisão sobre a destinação deles antes de honrar as obrigações pendentes descumpridas pela gestão passada. A outra metade, mais 250, não foram encontrados dentro da Prefeitura nem as escolas foram contempladas com doação no Governo passado. O que foi feito com esses 250 livros? Foram encaixotados em algum lugar secreto? Jogaram fora? Queimaram ou enterraram? Deram para os eleitores fazendo política com o bolso alheio?

Muitas são as respostas que o povo dá e muitos são os livros que estão aí na mão de pessoas que não compraram de mim, mas certamente ganharam de alguém, que não foi o autor. O certo é que foi cometido um crime contra o conhecimento porque impediram aos nossos professores o direito de usar este livro e impediu, também, o autor de vender a sua cota já que pessoas físicas ganharam o livro de quem não estava autorizado a dar inviabilizando a venda dos meus pela Auto-peças Central, da Senhora Marizete, a quem aproveito para registrar minha gratidão por seu trabalho a favor da cultura.

O contrato que resultou na edição deste primeiro livro sobre Formoso determinava várias obrigações não cumpridas pelo Governo Municipal. Vejam algumas delas: 1ª) – A Prefeitura venderia duzentos exemplares da minha cota, totalizando o valor de 10.000,00 em 2002. Essa cláusula contratual não foi respeitada. 2ª) – A Prefeitura patrocinaria os lançamentos deste livro. Foram feitos três lançamentos totalizando o valor de 2.200,00 comprovados com notas fiscais, pagos por mim, porque a Prefeitura também desrespeitou essa cláusula do Contrato dando calote na quitação das despesas. 3ª) – A Prefeitura não poderia distribuir 450 dos 500 livros que recebeu enquanto eu, como autor, não recebesse os 10.000,00 aqui citados. A Prefeitura distribuiu livros para quem quis num flagrante ato de desrespeito ao contrato assinado comigo, pois sumiram 250 da cota por mim doada totalizando – só aí – um prejuízo indireto de 12.500,00. 4ª) – A Prefeitura assumiu no Contrato o compromisso de pagar reportagens promovendo a divulgação do livro para me facilitar a venda dele fora de Formoso. Na época os jornais do Noroeste de Minas vendiam páginas para o Governo passado a 1.500,00. Nenhuma página foi paga pela Prefeitura com esse objetivo impondo mais prejuízos a mim como autor. Em compensação, grandes jornais de circulação nacional como CORREIO BRAZILIENSE e ESTADO DE MINAS, este de Belo Horizonte, destinaram páginas primorosas para elogiarem meu livro sobre Formoso não me cobrando um centavo.

Como se pode ver, entre prejuízos diretos e indiretos, a PREFEITURA MUNICIPAL DE FORMOSO, no ano 2002, deixou um prejuízo estimado em mais de 26.000,00 que se fossem corrigidos monetariamente em 2007 seguramente ultrapassariam a casa dos 35.000,00. Diante desse gigantesco prejuízo e indignado com esse calote moral e financeiro, tornei-me prisioneiro do silêncio aguardando a posse do novo governo e sem lugar na minha casa para guardar 500 livros que estão mofando vítima da concorrência desleal imposta em 2002 pelo Governo da minha cidade. Fui punido pelo crime de preservar a memória do Povo de Formoso. Fui punido pelo crime de valorizar o pioneirismo de homens e mulheres que devotaram sua vida a lutar por um Formoso melhor. Será que a Prefeitura de Formoso, em 2002, decidiu de fato me penalizar por causa disso? Parece incrível, mas hoje, cinco anos depois, tenho a sensação de que já cumpri a minha sentença ditada pelo Governo passado: a de sofrer cinco anos para exigir o cumprimento de um contrato meu com o Governo da minha terra.

Foi nessa luta contra a impunidade e o calote, que marquei reunião, na Secretaria Municipal de Educação de Formoso, em 12 de agosto de 2005, com a presença do novo Prefeito, LUIZ CARLOS SILVA, e da Titular desta Pasta, Profª Vera Ornelas, e acertamos a assinatura de novo CONTRATO, cuja vigência encerrou agora dia primeiro de junho de 2007, onde a Prefeitura Municipal de Formoso se comprometeu em pagar uma INDENIZAÇÃO parcial pelos DANOS MORAIS E MATERIAIS a mim impostos em flagrante desrespeito à LEI DE DIREITOS AUTORIAIS nº: 9.610/98 e aos artigos 541, 553, 555 e 562 do CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, já que os livros que doei se enquadram dentro do princípio da DOAÇÃO ONEROSA segundo o qual quando o beneficiário de uma doação não cumpre regras preestabelecidas, ela é suspensa ou anulada pelo doador e os prejuízos devem ser ressarcidos ao donatário.

Esse processo de indenização conduzido pelo Governo Luizinho para reparar, parcialmente, um erro da Prefeitura em 2002 não resultou de pagamento integral em dinheiro para o autor. A PREFEITURA DE FORMOSO decidiu patrocinar a publicação de um livro didático de minha autoria quitando todas as despesas decorrentes de sua redação e edição e comprometendo-se, também, com a aprovação de uma lei municipal para que os alunos de Formoso tenham aulas sobre o nosso Município. Este livro didático já foi pago pelo Governo Luizinho, a Secretaria Municipal de Educação por meio do esforço pessoal da Professora Vera Ornelas com amparo na LDB (Lei Federal nº: 9.394/96) criou uma disciplina no que é chamado de P.D – Parte Diversificada. Porém, essa lei de iniciativa do Executivo ainda não foi protocolada aqui no Legislativo e aproveitamos para pedir ao Governo LUIZINHO que não se esqueça de assim proceder sob pena de esse livro didático intitulado ECO-HISTÓRIA LOCAL – FORMOSO EM SALA DE AULA não ser usado em sala de aula nas administrações seguintes. E este livro assim como o anterior é uma DOAÇÃO ONEROSA com amparo no CÓDIGO CIVIL. Aprovar aqui na Câmara essa lei tornando obrigatória a disciplina que estuda o Município em sala de aula é, para mim, imperativo moral sem o qual não se justifica a publicação de um livro didático como este que ora é lançado nesta noite.

O Governo Luizinho, para honrar o meu CONTRATO com o governo passado, também decidiu arcar com quase metade das despesas de um outro livro de minha autoria cujo título é IDÉIAS PARA UM NOVO PROJETO DE CIDADE EM FORMOSO DE MINAS. Por último, incluiu-se igualmente como parte desse ressarcimento dos prejuízos, a devolução parcial de 180 (cento oitenta) livros dentre aqueles 250 restantes nos depósitos da Prefeitura.

Assim a PREFEITURA MUNICIPAL DE FORMOSO neste ano de 2007 cumpre, não com indenização integral em dinheiro, mas por meio de quitação de serviços gráfico-editoriais, os compromissos pendentes não honrados pelo governo passado, mas honrados pelo Governo do Prefeito Luizinho.

Parabéns, Prefeito LUIZINHO! Apesar de não ter recebido integralmente em dinheiro os prejuízos que levei, dou-me hoje por satisfeito ao ver que sua Administração é pautada no cumprimento das normas constitucionais de zelo, impessoalidade, publicidade, moralidade e regularidade dos atos e contratos licitados ou não, que são parâmetros da boa administração pública tão carente nos rincões deste imenso país. Um país ainda tragado pelo câncer da corrupção desavergonhada e pelo assistencialismo simplório que não é praticado como medida emergencial, mas como estratégia de compra de votos por coronéis de paletó e bigode travestidos de falsos democratas.

Minhas Senhoras, Meus Senhores, Autoridades Presentes,

Ao fazer aqui hoje esta PRESTAÇÃO DE CONTAS DE DOIS CONTRATOS que assinei com a Prefeitura de Formoso, o primeiro com vigência entre 2000 e 2002, e o segundo com vigência entre 2005 e 2007, quero reafirmar perante essa população de conterrâneos o meu firme compromisso com a defesa da educação, da cultura e do meio ambiente como instrumentos balizadores de um novo tempo em Formoso onde a ética na gestão pública do dinheiro da Prefeitura, que pertence ao nosso Povo, seja condição necessária para cumprimento de contratos.

Quero também por mais uma vez agradecer na pessoa da professora VERA MARIA GUEDES ORNELAS, Secretária Municipal de Educação, todo o esforço do seu Governo, Prefeito LUIZINHO, no sentido de reduzir parte dos prejuízos que resultaram em cinco anos de angústia, sofrimentos, descasos e desrespeitos à minha trajetória como Historiador de Formoso, como pessoa que dedicou metade de sua vida para juntar documentos e transformá-los em registro permanente da evolução política, institucional e cultural do Povo Formosense.

Espero que todo o meu esforço pessoal em defesa do Patrimônio Cultural, Histórico e Ambiental de Formoso possa ao longo deste século XXI ter contribuído para que novas gerações se sintam comprometidas com o desenvolvimento de uma nova consciência ética e ecológica lastreada no COMPROMISSO PÚBLICO de que as coisas do Povo pertencem ao Povo porque a Prefeitura é do Povo; essa Câmara também é do Povo! E como tal o Povo tem o direito de ser respeitado! Quem tem dívidas a receber da Prefeitura ou dessa Câmara tem o sagrado direito de tê-las quitadas!

Já passamos do tempo em que certo tipo de político neste país considerava o PATRIMÔNIO PÚBLICO como sua propriedade particular. Já passamos do tempo em que esse tipo de gente manipulava o Povo, ficava dois, três mandatos sobrepondo seus interesses privados sobre o interesse público, amparada na impunidade reinante nesta Pátria. Já passamos do tempo onde político desse tipo se perpetuava no Poder dez, quinze anos, e ainda se julgava no direito de disputar novos mandatos para retornar nos braços do Povo querendo retomar o Governo para se utilizar das mesmas práticas políticas viciadas, corruptas e intoleráveis.
O povo não tolera mais essa forma irresponsável de se fazer política no varejo sem atacar os problemas estruturais que são a causa primeira do atraso cultural, científico e tecnológico que atravanca o progresso no interior deste País. Abaixo a demagogia! Mãos à obra, Povo de Formoso!

Minhas Senhoras, Meus Senhores, Gente da minha terra,

Tenho plena certeza que esta HOMENAGEM conferida hoje pela Câmara Municipal de Formoso está sendo dada, em primeiríssimo lugar, por causa do livro FORMOSO DE MINAS NO FINAL DO SÉCULO XX – 130 ANOS! A Câmara de Vereadores de Formoso está de parabéns por lembrar de mim e valorizar meus quase trinta anos de pesquisa histórica com a entrega deste diploma honorífico que prometo ostentar no espaço mais visível da minha casa e mostrá-lo às pessoas que gozam do meu convívio.

Sei que teve pessoa da nossa comunidade contrária a essa homenagem, gente que até disse que quem quisesse elogiar Xiko Mendes comprasse para ele um trono. Essa gente faz parte daquela minoria de brasileiros que não se conforma com o sucesso profissional das pessoas que superam seus obstáculos e conquistam seu próprio espaço. A essa gente eu respondo com aquela velha frase do maior teólogo católico, Santo Agostinho: “Prefiro os que me criticam porque me corrigem, aos que sempre me bajulam porque me corrompem”.

Nunca busquei o elogio fácil. Sou de uma família humilde cujos pais criaram dez filhos e mais quase dez enteados sem nunca pedir favor a quem quer que seja, sem nunca pisar pé em repartição pública para pedir benesses de políticos. Aprendi com a minha família e desde meus tempos colegiais que não teria outra opção para ser respeitado como gente e como cidadão brasileiro se não fosse por meio da conquista de conhecimentos, da luta pela aquisição de cultura, pelo aperfeiçoamento intelectual porque um homem sem dinheiro como XIKO MENDES só dispõe de uma prerrogativa para ser visto pelas elites míopes deste país: mostrar que através da cultura, da educação... podemos não apenas ser vistos, mas, acima de tudo, sermos respeitados neste país de profundas injustiças sociais onde os grã-finos de alto coturno tragados pela inveja não admitem que gente sem dinheiro possa ter status na sociedade brasileira.

Não preciso de um trono porque não estou roubando espaço de ninguém em Formoso. Não sou caçador de diploma, não sou pedinte de honrarias, embora tenho na minha casa títulos honoríficos de prestígio conferidos por várias instituições de credibilidade tanto quanto o nosso Poder Legislativo. Se a Câmara de Formoso decide nesta noite me valorizar com tamanha HONRARIA é porque, certamente, reconhece o trabalho a favor da cultura e da história que venho realizando há décadas. E fico muito agradecido por isto.

Sei também que sou conhecido entre algumas pessoas como CHICO DOIDO. É verdade que sou doido. Sou doido porque acredito na preservação do meio ambiente em Formoso. Sou doido porque preocupo-me com a formação educacional e cultural do Povo Formosense. Sou doido porque sonho com um Formoso melhor que este que conhecemos. Sou doido, principalmente, porque sendo filho de pais analfabetos não me acomodei momento algum na busca do sucesso.

E mais uma coisa preciso dizer-lhes nesta noite: desde o lançamento do meu livro sobre Formoso em 2002 aqui neste Plenário, tenho recebido várias honrarias. Mas a primeira homenagem não foi em Formoso. Infelizmente! Por incrível que pareça, ela veio de Belo Horizonte. O Jornal Estado de Minas, por meio de Comissão Julgadora composta de pessoas ilustres do Noroeste de Minas, me elegeu na promoção anual intitulada OS MELHORES DE MINAS, dando-me em agosto de 2002 o Diploma de Honra ao Mérito como o Intelectual do Ano do Noroeste de Minas. O curioso é que perdi a data da solenidade por que o Jornal mandou o convite para a Prefeitura de Formoso, segundo me afirmou a Jornalista Iremar, repórter desse jornal, residente em Unaí. Mas nunca, nunca recebi este convite!

Em 2003 viajei 630 Km; fui até Várzea da Palma – pra lá de Pirapora! – receber a homenagem que a mim foi conferida pela Academia de Letras, Ciências e Artes do Vale do São Francisco. Recebi também da Presidente da Academia de Letras, Ciências e Artes de Inhumas, Goiás, Srª. Umbelina Frota, o Diploma de Sócio-Correspondente. Ainda em 2003 veio a mais importante de todas as homenagens que recebi até agora: meu primeiro livro, que é sobre a transferência da Capital Federal para Brasília, e este meu livro sobre Formoso, foram transformados em TEMA DE ESTUDO na Tese de Doutorado “MARGENS ESCRITAS: VERSÕES DA CAPITAL ANTES DE BRASÍLIA”, defendida no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, pela Professora de Antropologia da Universidade Estadual do Amazonas, Srª. Andrea Borghi. Ter não apenas um, mas dois livros meus numa tese de doutorado e, ainda por cima, na UnB – que está entre as quatro melhores do Brasil! – foi o máximo. Nada, nada pagará a felicidade de ser reconhecido assim, pois, tão importante para um escritor como ver sua obra lida pelas pessoas, passando de mão em mão, é vê-la sendo citada nas pesquisas universitárias de pós-graduação por que isto mostra a credibilidade da obra e a seriedade técnica do autor. Obrigado, Andrea Borghi! Obrigado, Universidade de Brasília!

Em Formoso... Ah, em Formoso, fiquei até final de 2004 como se meu livro tivesse entrado para o Índex da Inquisição – aquele tribunal medieval que censurava livros que não agradavam aos que se julgavam “donos da verdade, ladrões de sonhos, senhores do mundo, proprietários do futuro”.

Meu livro – Senhores e Senhoras – foi esquecido em Formoso por dois anos até 2004, pois quando vinha à Cidade perguntava: “você conhece um livro sobre Formoso? Não, nunca ouvi falar!”. Uns dizem é por que dei importância a todo mundo, falei de tudo e de todos, não escondi as verdades que sabia. O certo é que só agora, neste Governo de Sua Excelência, Prefeito Luizinho, a minha obra parece ocupar o lugar que, sem modéstia, acredito que mereça.

2005 foi o ano que entrou para a minha biografia como o ano em que fui homenageado duas vezes em Formoso: em 16 de abril daquele ano estive em Formoso para receber a primeira homenagem feita pelos meus conterrâneos, e ela veio da escola onde estudei: a Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas! No dia 14 de julho, também em 2005, na abertura oficial da Festa à Padroeira de nossa Cidade, recebi do Poder Executivo, do Governo Luizinho, a homenagem prestada pelo Departamento de Cultura em parceria com a Escola Estadual Nossa Senhora da Abadia. Aqui fica a minha gratidão nas pessoas das professoras Cássia Ornelas, Eva Reis, Ivoneide Prado e Vera Ornelas.

Em 15 de setembro de 2007 fui homenageado pela Prefeitura Municipal de Chapada Gaúcha e pela Escola Estadual Serra das Araras com lançamento do livro ANTÔNIO DÓ DE VOLTA AO GRANDE SERTÃO VEREDAS, patrocinado por aquele município como reconhecimento ao meu trabalho cultural em prol da Região. Obrigado, Prefeito Raimundinho! Obrigado, Profª Dalva Fonseca, Secretária Municipal de Educação em Chapada Gaúcha!

E 2007 também é um ano que entra duas vezes na lista de homenagens à minha biografia em Formoso: em 25 de maio desse ano estive aqui em Formoso para receber da Direção do SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE FORMOSO o título de DEFENSOR PERMANENTE DOS TRABALHADORES RURAIS por ter sido um dos principais fundadores dessa que é a primeira entidade sindical entre nós e tantos serviços já prestou aos aposentados rurais e à Classe Trabalhadora. Obrigado, Vereadora Raimunda Barbosa, promotora daquela homenagem!

Agora, neste inesquecível 16 de novembro, quando comemoro exatos doze anos da publicação do meu primeiro livro que foi pago por mim mesmo, venho neste fim de tarde primaveril quando o Cerrado floresce como a Fênix renasce das cinzas, receber do Poder Legislativo – e profundamente feliz! – esta – a homenagem que me faltava – a homenagem que foi aprovada aqui em 2004 pelo Vereador e Professor Odair Guedes. E venho recebê-la com a mesma humildade que sempre marcou a minha trajetória enquanto filho de um casal de geralistas que se sente orgulhoso de mim por ser o historiador de Formoso; venho recebê-la como cidadão formosense, como um patriota que se sente orgulhoso de dizer que é de Formoso de Minas, que é ex-morador da Capuava, que é descendente de geralistas... e que não se envergonha de dizer isto em qualquer parte deste País.

Obrigado, Prof. Odair!
Parabéns, Câmara de Formoso!

Obrigado Povo da minha Terra – lugar de gente pioneira, de gente que deve virar cada página de sua história para fazer do próprio passado uma lição de vida; um compromisso com a consciência patriótica, com o valor da família e com a construção de um tempo onde a taxa de analfabetismo seja zero, onde o asfalto ligará Formoso a qualquer lugar do Brasil, onde a energia no campo seja a luz do desenvolvimento, onde o filho do pobre tenha dignidade pessoal e importância na vida pública...! Um tempo onde outro historiador, quem sabe daqui há 50, 80 anos, quando aqui não mais eu estiver, possa contar nossa história dizendo a cada um dos filhos ou netos de pais presentes nesta Sessão Solene aquilo que Tiradentes nos disse há mais de 200 anos: “SE TODOS QUISERMOS PODEREMOS FAZER DESTE PAÍS UMA GRANDE NAÇÃO”.

E Formoso ainda haverá de ser um grande município! Basta acreditar no Povo de Formoso! Basta acreditar que temos cultura, temos história, temos talento e pessoas que nascem ou escolhem Formoso para morar e transformá-lo. Eu acredito que seremos uma grande cidade com asfalto até Buritis, com luz no campo, com meio ambiente vivo nas veredas e chapadas, com educação para todos! Acredite você também! (...).MUITO

OBRIGADO, FORMOSO DE MINAS!

Thursday, August 17, 2006

SEJAM BEM-VINDOS!

CONHEÇA FORMOSO! VOCÊ VAI GOSTAR! E APAIXONAR-SE!

Formoso localiza-se no Noroeste de Minas na Microrregião de Unaí. A cidade fica a 265 Km de Brasília-DF e a 860 Km de Belo Horizonte-MG. O acesso rodoviário à Cidade é feito, indiretamente, pela rodovia federal BR-020 (Brasília-Fortaleza) e pela rodovia estadual MG-400 (Formoso-Unaí). Na primeira opção há um percurso de 18 Km de estrada de terra (sempre bem conservada a partir de Sítio d’Abadia – GO). Na segunda opção há um percurso de 128 Km de estrada não pavimentada a partir de Buritis-MG. Venha a Formoso! Nosso MUNICIPIO tem muito a lhe oferecer: um povo hospitaleiro, pontos turísticos deslumbrantes, uma história de duzentos anos e tantas outras coisas. Aqui você conhecerá um pouco de tudo isto. Um abraço do formosense, Prof. Xiko Mendes (Email: unifamparaformoso@yahoo.com.br).

HINO MUNICIPAL À FORMOSO-MG
Letra: Xiko Mendes.
Música: Meiry & Mathus.


Saudamos Formoso, oh! Cidade Mineira!
Terra hospitaleira de Gente audaz,
Pois tudo que faz é com muito sucesso:
Implanta o Progresso, desenvolve o Brasil!

Eis que por ti morreram heróis (!!),
Que para nós trabalharam bastante,
Desbravando horizontes, com todo o carinho,
Abrindo caminhos para esse Povo Gentil!

Glorificada e generosa é essa Terra,
Berço de fraterna Alegria, Paz e Justiça!
Cidade bendita pelo Amor que ensina:
Formoso é Minas, é a nossa Grandeza!

REFRÃO
Saudamos Formoso...

Disposto(s) à Luta com muito Otimismo,
Cheio(s) de Heroísmo, aspirando Vitórias,
Conquistem a Glória como Formosenses
Na medida em que penses amar este País!

Tu és um Povo Leal e Solidário!
Seu Ideário simboliza a Liberdade!
Por esta Cidade trabalhe Idealista:
Seja Humanista, Patriota e Feliz!!

REFRÃO
Saudamos Formoso...


TRECHOS DO ROMANCE “GRANDE SERTÃO: VEREDAS” DE GUIMARÃES ROSA,
SOBRE FORMOSO-MG


“O senhor vá. Alguma coisa, ainda encontra. Vaqueiros? Ao antes – a um, ao Chapadão do Urucuia – aonde tanto boi berra... Ou no mais longe: vaqueiros do (...) Córrego do Quebra-quinaus: cavalo deles conversa feito cochicho – que se diz – para dar sisado conselho ao cavaleiro, quando não tem mais ninguém perto, capaz de escutar. (...). Dali para cá, o senhor vem, começos do Carinhanha e do Piratinga filho do Urucuia – que os dois, de dois, se dão as costas”.
“(...). Se passava o Piratinga, que é fundo, se passava: ou no Vau da Mata ou no Vau da Boiada; ou, então, pegando mais por baixo, o São Domingos, no Vau do José Pedro. Se não, subíamos beira desse, até às nascentes, no São Dominguinhos. A ser o importante, que se tinha de estudar, era avançar depressa nas boas passagens nas divisas, quando militar vinha cismado empurrando. É preciso de saber os trechos de se descer para Goiás: em debruçar para Goiás, o chapadão por lá vai terminando, despenha. Tem quebra-cangalhas e ladeiras terríveis vermelhas. Olhe: muito em além, vi lugares de terra queimada e chão que dá som – um estranho. Mundo esquisito! (...). Por aí, extremando, se chegava até o Jalapão (...)”.
“...seguimos. Dali, antes, a gente tinha passado o Alto Carinhanha – lá é que o Rei-Diabo pinta a cara de preto. Onde chegamos na aproximação do lugar que se cobiçava (...) A terra dele (de Hermógenes), não se tinha noção qual era; mas redito que possuía gados e fazendas, para lá do Alto Carinhanha, (...) nos gerais da Bahia.(...)”.
“O senhor tolere: isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucuia. (...). Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. (...). O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho.(...)”.


PARÓDIA ECO-NARCÍSICA DA "CANÇÃO DO EXÍLIO"

Xiko Mendes

Minha Terra tem BURITIS
E onde as ÁGUAS espelham o LUAR;
As águas que encontro aqui
Não são CRISTALINAS como as de lá.

Nosso Cerrado tem mais chapadas;
Nossas ÁGUAS têm mais veredas;
Nossa fauna e flora são mais variadas;
Nossa Vida tem mais Natureza!

Em cismar, sozinho, à noite;
Mais animais encontro eu lá.
Minha Terra tem mais BURITIS
E onde as ÁGUAS espelham o LUAR!

Minha Terra tem Outros Valores
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais Gerais encontro eu lá;

Minha Terra tem BURITIS
E onde as ÁGUAS espelham o LUAR!
Não permita o Governo que eu morra,
Sem que eu possa outra vez viver lá;
Sem que eu continue evocando os Valores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda reveja os BURITIS
E onde as ÁGUAS espelham o LUAR!

REFLEXÃO DESTE MÊS

“(...). Preservar a Cultura de um Povo é dignificar o progresso como símbolo do trabalho, é venerar o Passado como princípio da evolução humana, é velar pela Civilização do Mundo.

Movido pela UTOPIA deste sonho de sensibilizar a CONSCIÊNCIA ADORMECIDA DOS GOVERNANTES e MOBILIZAR A OPINIÃO PÚBLICA, é impreterível que a nossa Sociedade não pode deixar que as chamas ardentes do vandalismo APAGUEM O SILÊNCIO DA NOSSA HISTÓRIA e faça dela um cenário de ruínas. A sociedade que se deixa corroer pelo vírus do ESQUECIMENTO é a sociedade dos ignorantes e apátridas indigentes, que desprezam e contestam as próprias RAÍZES CULTURAIS. Afinal, o aniquilamento da História reproduz a (...) barbárie suicida dos que reprovam o PASSADO e repelem o curso interminável dos acontecimentos humanos cujo protagonista SOMOS NÓS, o homem de ontem, de hoje e de sempre... (...).

FORMOSO SOMOS NÓS. Fomos nós que construímos esta Cidade impressionante e generosa; e seremos nós quem TESTIFICARÁ AOS HOMENS DO FUTURO a história que fazemos hoje SEM DESTRUIRMOS A HISTÓRIA QUE FIZEMOS ONTEM”.

(Trechos do manifesto “FORMOSO VISTO PELA HISTÓRIA”, redigido em 1988 por Xiko Mendes e registrado em cartório de Unaí-MG na mesma época. Fonte: Mendes, Xiko. Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos!, Edição da Prefeitura Municipal, Formoso, 2002, p. 493-494).

HISTÓRIA DE FORMOSO-MG

BREVE HISTÓRICO SOBRE FORMOSO-MG
(XIKO MENDES)


Formoso – MG localiza-se na Mesorregião NOROESTE DE MINAS integrando a microrregião de Unaí. É um município do Médio São Francisco a 14’56”59º de latitude sul e a 46’15”35º de longitude oeste. Tem um território de 3.833,40 Km2 com clima tropical de altitude. Fica a 263 Km de Brasília-DF e a 860 Km de Belo Horizonte - MG. O acesso rodoviário à Cidade é feito, indiretamente, pela BR-020 (Brasília-Fortaleza). Logo após Alvorada do Norte-GO, deixa-se esta rodovia federal e uma rodovia estadual pavimentada que segue até Sítio d’Abadia indica o caminho para Formoso com apenas 18 Km de estrada não asfaltada, mas sempre em bom estado de conservação. Antes de Alvorada, no Povoado de Santa Maria, pode-se ir a Formoso usando uma via intermunicipal de cerca de 70 Km sem asfalto por onde antes passava parte da histórica Picada da Bahia. Chega-se também à Formoso pela MG-400 (Unaí-Formoso) percorrendo um trecho não pavimentado de 120 Km a partir de Buritis. O Censo do IBGE em 2000 registrou uma população de 6.517 habitantes (MENDES, 2002, p. 42-117).

O povoamento do território de Formoso-MG começou na segunda metade do século XVIII como decorrência da movimentação rodoviária colonial pela Picada da Bahia – Estrada Real oficializada em 1736 pelo rei D. João V, que no mesmo ano instalou o Registro Fiscal de Santa Maria, na fronteira entre Minas Gerais e Goiás, a menos de 70 Km da atual Cidade-Sede de nosso Município para fiscalizar o comércio de ouro e gado entre o Vale do São Francisco e as Minas do Centro-Oeste, em Goiás e Mato Grosso (MENDES, 2002, p. 132-250).

Naquela época a região do município era ocupada por fazendeiros do Norte de Minas e a área do Alto Urucuia – onde Formoso se encontra – pertencia ao domínio usufrutuário de Matias Cardoso de Oliveira, que sucedeu à família baiana Garcia D’Ávila,(Casa da Torre de Tatuapara), que tinha o usufruto do Alto Carinhanha desde 1659. Pela Picada da Bahia viajavam autoridades do Reino como D. Luiz da Cunha Menezes – aquele da Inconfidência Mineira – que, nomeado Governador da Capitania de Goiás, deslocou-se de Salvador-BA, hospedou-se no “Sítio Formoso” em 4/10/1778 e registrou o fato em seu diário de viagem – sendo esta a data de origem oficial do nosso povoamento. Não se sabe quem era o proprietário dela, mas a Fazenda Formoso – segundo conservou a tradição oral do século XIX e os “Registros Paroquiais” encontrados na Divisão Fundiária de 1942 – era de propriedade do sertanista FELIPE TAVARES DOS SANTOS, que se supõe ser parente próximo do bandeirante paulista Antônio Raposo Tavares. Na primeira metade do século XIX, além da Família do seu Fundador, outras também se tornaram co-responsáveis pela colonização do território como Ornelas, Almeida, Carneiro e Magalhães, que se juntaram a outras no século XX como Moreira, Andrade, etc.

Formoso foi elevado à categoria de Distrito do Município de Paracatu pela Lei Provincial nº: 1.713 de 5/10/1870. Depois seu território distrital foi transferido para o Município de São Romão (LE nº: 843 de 7/9/1923). O arraial foi alçado à condição de Vila em 1933. Seu Processo de Emancipação Política foi resultado de um projeto de autoria do Deputado Lourival Brasil Filho, que o incluiu entre os distritos que se tornaram municípios por força da Lei nº: 2.764 de 30/12/1962.

A Instalação do Município de Formoso se deu no dia 1º de março de 1963 – considerada a data oficial de seu aniversário – quando também foi empossado o Intendente Osvaldo da Silva Ornelas. A Câmara Municipal de Formoso só viria a ser instalada com a posse de sua Primeira Legislatura em 5/8/1964, paralelamente à posse do primeiro prefeito.
Estes são os membros da Elite Dirigente Local – Tomadores de Decisão sobre o Município – que, eleitos pelo Povo, tomaram posse como Prefeitos de Formoso:
· VANDERLINO DE ALMEIDA ORNELAS – 1ª Administração Municipal: 1964/1967;
· OSVALDO DA SILVA ORNELAS – 2ª Administração Municipal: 1967-1970;
· JOSÉ BOTELHO DE CASTRO – 3ª Administração Municipal: 1971/72;
· LOURIVAL ANDRADE ORNELAS – 4ª, 6ª e 8ª Administrações Municipais: 1973-1976, 1983-1988, 1993-1996;
· NELSON DIAS ANDRADE – 5ª Administração Municipal: 1977-1982;
· ORLANDO JOSÉ DA SILVA – 7ª, 9ª e 10ª Administrações Municipais: 1989-1992, 1997-2000, 2001-2004;
· LUIZ CARLOS SILVA (Luizinho) – 11ª Administração Municipal: 2005-2008.
FONTE: Mendes, Xiko. Eco-história Local – Formoso em Sala de Aula (livro didático inédito).


Ata da Sessão Solene da Instalação do Município de Formoso

A Primeiro de Março de 1963, no Prédio Municipal, sob a Presidência do Sr. Osvaldo da Silva Ornelas, Intendente Municipal, (...), reuniram-se em Sessão Solene as Autoridades e pessoas gradas, com numerosa assistência popular, para o fim de se proceder à Instalação do Município de Formoso criado (...) com jurisdição sobre as circunscrições que têm por sede esta Localidade que ora recebe os foros de Cidade. Aberta a Sessão, constituída a Mesa, o Senhor Presidente, convidando todos os presentes a se porem de pé, pronunciou em voz clara e pausada as seguintes palavras inaugurais: “Em virtude dos Poderes que me foram outorgados, declaro instalado o Município de Formoso, com jurisdição sobre as circunscrições que têm por sede esta Localidade que ora recebe os foros de Cidade, com a competência que a Lei lhe confere e determinará”. (...) o Senhor Presidente deu a palavra ao Sr. José Florisval Ornelas, que proferiu o aludido Discurso ao Sentido da Solenidade; tendo falado mais os Senhores Florípio Alves Santana e Tertuliano Alves Bandeira. Ninguém mais fazendo uso da Palavra, o Senhor Presidente declarou encerrada a Sessão convidando os presentes a ouvirem a leitura desta Ata, que foi assinada pelo Senhor Presidente, demais Autoridades e pessoas presentes. Eu, Apolinário Rodrigues dos Santos, Escrivão de Paz, funcionando como Secretário Ad hoc, escrevi a presente Ata e a li ao termo da Sessão cuja realização aqui se registra.
(a) Osvaldo da Silva Ornelas, Intendente Municipal;
(a) Florípio Alves Santana, Juiz de Paz;
(a) Benedito da Silva Ornelas, Membro da Mesa {de Honra);
(a) Zoroastro José de Souza, {Membro da Mesa de Honra};
(a) Tertuliano Alves Bandeira, {Membro da Mesa de Honra};
(a) Marcelino Pereira Nery, {Membro da Mesa de Honra};
(a) Adelino Moreira de Carvalho, {Membro da Mesa de Honra};
(a) Assuero Carneiro de Almeida, {Membro da Mesa de Honra};
(a) – seguem as demais assinaturas de pessoas presentes.
Fonte: Mendes, Xiko. Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos!, Edição da Prefeitura Municipal, 2002, p.187-190.


Fundação da Cidade de Formoso

Xiko Mendes

Coberto de bela paisagem
Com vegetação de Cerrado,
Muito própria para pastagem,
O terreno foi logo demarcado.

Era ali um lugar de bons ares,
Ótimo para pousos na viagem.
Foi assim que Felipe Tavares
Parou com a sua bagagem!

Dormiu, acordou sem coragem
Após seu descanso de peregrino.
Foi aí seduzido pela miragem:
Estava selado o nosso destino!

Não sabemos se fazia friagem
Quando, em baixo de velhos jatobás,
Verdes mesmo durante a estiagem,
Ele decidiu que não ia mais viajar.

Fixou sua casa à beira da margem,
Mas afastado de um brejo lodoso;
E inscreveu sua primeira mensagem:
Sou dono do Sítio do Corgo Formoso!

Deu terra à Nossa Senhora d’Abadia,
A poucas léguas daquela contagem;
Era o Registro Fiscal de Santa Maria,
Um posto goiano da Real Corretagem.

Não muito distante da Grota Barreiro
Outros pararam com sua matulagem.
Famílias como Ornelas e Carneiro
Optaram criar gado para vendagem.

Sendo da Santa, aumentou a vinda
De gente para esta antiga hospedagem,
Que colonizou os vales do Piratinga
Expulsando o guerreiro índio selvagem.

Muito tempo depois veio ser Distrito
Devido à sua grata camaradagem.
E assim Formoso, o atual Município,
Ainda é o Cenário da Bela Paisagem.
Fonte: Mendes, Xiko. Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos!, Edição da Prefeitura Municipal, 2002, p. 132.

TURISMO EM FORMOSO-MG

CALENDÁRIO CULTURAL DE FORMOSO-MG
(XIKO MENDES)


O nosso Município tem ao longo do ano uma grande variedade de eventos. Entre os principais, destacamos:

· ANIVERSÁRIO DA CIDADE: ocorre em 1º de março ou no final de semana mais próximo. Visa homenagear o Dia da Instalação do Município de Formoso em 1963. Consiste de apresentações cívico-culturais com participação de escolas e gente da comunidade. Desde 1983 a data é feriado municipal e desde 1989 é comemorada. Já houve anos sem comemoração por falta de apoio do Governo Municipal, mas cabe à sua escola e a todos nós exigir dos nossos governantes o respeito a esse direito do cidadão formosense por que trata-se de evento com grande carga simbólica: a defesa da autonomia política de Formoso.

· FESTA DE SANTO ANTÔNIO: ocorre no feriado próximo a 13 de junho – Dia do Santo. É o maior evento festivo dentro do Distrito de Goiaminas e vem atraindo muitos turistas. A Festa é feita desde o início do Povoado, mas sobretudo a partir dos anos 1950. É uma homenagem ao Santo Padroeiro da Vila.

· CAVALGADA ECOLÓGICA: ocorre anualmente desde 1998 sempre em meados do primeiro semestre sempre coincidindo com o Feriado de Corpus Christi e atrai gente de vários lugares do País, inclusive formosenses que há anos moram fora do município. Sua finalidade é valorizar os percursos entre Formoso e cidades vizinhas durante o saudoso Ciclo das Tropas e Boiadas antes da chegada do automóvel em Formoso.

· FESTA DE JULHO: principal acontecimento cultural de Formoso, ela era feita em agosto até os anos 1970 quando passou a acontecer na segunda quinzena de julho. É o mais antigo evento existente em Formoso, pois é feita desde o século XIX quando o terreno da Cidade foi doado à Nossa Senhora d’Abadia. Homenagem à Santa Padroeira do Município, a festa conta com variadas apresentações culturais, religiosas e profanas, além de permitir ao turista conhecer os diferentes pontos turísticos dentro da Cidade e no Município.

· OUTROS EVENTOS: também são festejados no Município o Reveillon, o Carnaval, o Sete de Setembro – Dia da Independência do Brasil (algumas vezes) e festejos folclóricos. As escolas em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e a comunidade escolar poderão também montar um calendário cultural. (Veja no Apêndice deste livro uma sugestão de calendário sob a denominação de “Efemérides Eco-históricas”).

FOLCLORE DE FORMOSO: Criada por Williams John Thoms que a utilizou em 22/8 de 1846 – Dia do Folclore – esta palavra de origem inglesa é sinônimo de sabedoria popular, pois se refere ao conjunto de manifestações culturais criadas pelo povo, individual ou coletivamente, e que se tornam representativas de sua identidade. Lendas, contos, fábulas, mitos, provérbios, adivinhações, literatura de cordel, parlendas, danças, folguedos, usos e costumes, festividades religiosas, cantigas de roda... são formas por meio das quais o Folclore se manifesta.
O Folclore formosense já foi muito mais rico que hoje. Conheça aqui algumas das manifestações de cultura popular em nosso Município:
· EVENTOS: Festa do Divino Espírito Santo, Festa de Santos Reis e Festas Juninas. Todas elas já tiveram grande impacto no Município com muita concentração de pessoas, inclusive a primeira, razão mais que justa para que o Governo Municipal e a própria comunidade não deixem que elas desapareçam.
· DANÇA E MÚSICA: a dança típica mais conhecida é a do Tatu-sobe-Pau, invenção dos geralistas moradores do extremo norte de Formoso, divisa com Cocos-BA. Forró, Catira, Lundu e Curraleira são gêneros musicais ainda praticados, mas também já em fase de desaparecimento. · LENDAS: várias delas são contadas no livro “Formoso de Minas no final do Século XX – 130 Anos!”, do escritor Xiko Mendes. A “Gameleira da Caraíba”, a “Mula sem Cabeça e o Lobisomem”, a “Gata Borralheira e o Príncipe Encantado”, “Caboclo d’Água”, “Romãozinho”, a “Onça Borgi”, o “Bode Preto”, “Coã, Pomba e Mãe d’a Lua”, o “Sumiço de Corpo Presente” e a “Criança que virou Serpente” são exemplos de lendas formosenses relatadas neste livro. Este autor também registra outras manifestações já extintas, mas engraçadas como o Entrudo, alguns Ditados Populares típicos do Povo de Formoso e a malhação de Judas no Jegue de Maroto.
· PERSONAGENS FOLCLÓRICOS: o mais famoso deles, entre tantos outros, foi Pedro Boca, morador do Gerais (alto Carinhanha), que virou tema de reportagem da revista Isto É e foi entrevistado até por Pedro Bial – jornalista da TV Globo – para o filme “Nas Trilhas do Rosa” em alusão ao romance de Guimarães Rosa.

ARTESANATO DE FORMOSO
O Artesanato Formosense assim como seu Folclore é alvo da massificação dos meios de comunicação. A Cultura de Massas, cosmopolita e alienante, substitui a Cultura Popular e mercantiliza tudo. Morre a alma do povo e nasce um mundo de valores sem identidade local. A arte plumária, indumentária, de cestaria, o bordado e a tecelagem eram expressões fortes desse artesanato. Formoso já teve grandes artesãos anônimos, mas geniais como Job Borges Carneiro (1904-1955), na região de Bela Lorena.

ARTES E LITERATURA EM FORMOSO-MG
Por meio da arte expressamos a representação do belo, despertamos sensibilidades e apuramos nosso senso estético diante do mundo e das coisas. A arte ainda não é prioridade nas políticas culturais do Município, mas deveria ser, pois trata-se de manifestação pouco presente na vida local. Nas artes plásticas destaca-se o escultor Nel Santana a partir dos anos 1990. Seu trabalho em arte sacra foi financiado pelo Governo Municipal. Nas artes visuais predominou a fotografia (para fins comerciais sem caráter artístico) a partir dos anos 1950. As artes cênicas são inexpressivas no Município salvo algumas pecinhas teatrais apresentadas muito raramente.
Nossa literatura tem sido produzida por uma Intelectualidade composta por pessoas de Formoso ou que já moraram em Formoso ou que, mesmo sem ligações pessoais com o Município, já escreveram sobre ele. É uma literatura surgida no século XX e que não tem dado enfoque à ficção (conto, romance, crônica...). Nela predominam obras de maior destaque na área de pesquisa histórica, biografias, estudos folclóricos ou genealógicos. Os principais representantes são:
· ENSAIO: Olímpio Gonzaga, Paulo Bertran, Oliveira Mello e Francisco da Paz M. de Souza – Xiko Mendes (História), Ana Pereira de Sousa – Dona Ana, Ismael Carneiro Magalhães – Miguel Carneiro e Joaquim B. Carneiro – Quinca Borges (Memórias), João Rocha (Genealogia), Andrea Borghi e Suelma Ribeiro (Pesquisas Antropológicas e Fitoterapêuticas), entre outros.
· POESIA: Hermes Neres Pereira, Lourdes Silva Maciel, Xiko Mendes e Umbelina Linhares Pimenta Frota Bastos.

LAZER E TURISMO EM FORMOSO-MG
O lazer enquanto entretenimento dotado de infra-estrutura administrativa para promover a diversão como direito coletivo do Povo Formosense só surgiu em 1975 por iniciativa de Osvaldino José Ornelas e José Joaquim de Oliveira (Zequinha). O Bambu de Osvaldino, a Sagarana do Zequinha, o Ranchão do Nelson e o Ranchão da Dica, Bambucana do Neguinho de Lizim, Ranchão do Miro, Ranchão do Neury, Quiosque do Lago Formoso e Ranchão do Orlando... são exemplos de espaços de diversão muitos dos quais já extintos, outros ainda em funcionamento.
Entre as modalidades desportivas predomina o gosto por futebol e hipismo. As corridas de cavalo organizadas na Festa de Julho desde os anos 1980 e as partidas de futebol (a maioria na forma de peladas com amadorismo total) estão entre as opções preferenciais. Não há times profissionais no Município embora em outros tempos já funcionou ativamente o time Formoso Futebol Clube – FFC.
Formoso tem potencialidades extraordinárias na área de Turismo, mas não há uma política de desenvolvimento exclusiva para dinamizar esse setor. Apesar desse potencial, falta infra-estrutura para receber bem os turistas e isto não é só responsabilidade dos governantes. É de todos nós! As pessoas que têm dinheiro no Município também precisam investir em Turismo, que é uma indústria não poluente. Confira agora conosco o seu próximo roteiro turístico:
· Dentro da Cidade: Lago Formoso, templo do Vale do Amanhecer, alguns casarões na parte antiga da Cidade, Igreja-Matriz católica e da Assembléia de Deus, entrada da Fazenda Caraíbas com suas belíssimas palmeiras imperiais, o Morro do Barreiro com sua visão panorâmica da cidade e dos Gerais, entre outras atrações.
· Dentro do Município: casarões antigos de fazendas como a Cachoeira e a Bela Lorena, o balneário Córrego das Lajes, a sede da Coopertinga, a Serra do São Domingos, a Cachoeira do Piratinga, a Gruta do Feio na Fazenda Caldeira, a Forca da Tocaia do Salobro na Vila Goiaminas, o Marco Trijunção e a maior atração formosense – o Parque Nacional Grande Sertão Veredas.

ESPAÇOS CULTURAIS E ATENDIEMENTO AOS VISITANTES DE FORMOSO-MG
· Para promoção de eventos: Salão Paroquial Nossa Senhora d’Abadia, Centro Comunitário e Desportivo de Formoso (prédio da antiga Casemg), Auditório da Câmara Municipal e Clube Sommers.
· Para recreação: Clube Sommers e Lago Formoso.
· Para lazer intelectual: somente a Biblioteca Pública Municipal Apolinário Rodrigues dos Santos por que a casa de cultura do Município ainda é um sonho que está se construindo.
· Hospedagens: Formoso ainda não entrou na “era das pousadas”, mas a cidade dispõe de hotel e alguns dormitórios.

DEFENDENDO NOSSO PATRIMÔNIO ECO-HISTÓRICO
São PATRIMÔNIO DA MEMÓRIA CULTURAL DO MUNICÍPIO DE FORMOSO-MG os Bens de natureza Material e Imaterial tomados individualmente ou em conjunto, e relacionados com a Identidade, a Ação, o Meio Ambiente e a Memória dos diferentes Grupos Formadores do POVO FORMOSENSE. A Lei Orgânica de Formoso (texto de 1992) especifica que bens eco-histórico-culturais são esses: as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações (lugares de memória), e demais espaços destinados às manifestações culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico, científico, turístico e arquitetônico; as conformações geomorfológicas, vestígios e estruturas de arqueologia histórica, toponímia, edifícios e conjuntos arquitetônicos, áreas verdes e ajardinamentos, monumentos naturais e obras escultóricas, outros equipamentos e mobiliários urbanos detentores de Referência Eco-Histórico-Cultural.
Para defender todo esse patrimônio, foi aprovada a Lei Municipal nº: 246/2005 pelo Prefeito Luiz Carlos Silva. Ela criou normas de preservação e o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Formoso (Compac), órgão com membros do Governo local e da Sociedade Civil (povo), que tem como responsabilidade a defesa dessa riqueza patrimonial. Foi também criado pelo mesmo Prefeito por meio da Lei Municipal nº: 260/2005 o Conselho Municipal de Conservação, Defesa e Desenvolvimento do Meio Ambiente de Formoso (Codema). Portanto, cabe a nós enquanto cidadãos desse Município cobrar a responsabilidade, que é de todos, exigindo que a Cultura Local e o Meio Ambiente como tesouros do século XXI sejam um direito coletivo inalienável das atuais e das próximas gerações de formosenses
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BIOGRAFIA do escritor XIKO MENDES!

Quem é XIKO MENDES, o “Menino da Capuava”?

1. Mineiro nascido EM FORMOSO, na fazenda Rasgado, bebendo água do Lago Formoso e da grota Barreiro que agora está poluída por causa do Lixão.
2. É filho de João de Firmino e Dona Esteva, (família humilde com prole de dez pessoas), ex-vaqueiros da viúva de um dos filhos de Martinho Antônio Ornelas Júnior.
3. Viveu sua infância na Vila do Cipó ou CAPUAVA (1970-1980), EM FORMOSO, depois morou no Centro de nossa cidade até 1988, e agora tem residência no bairro Santa Luzia.
4. Concluiu o ensino fundamental e o médio na Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas EM FORMOSO (1975-1988).
5. Balconista de BOTECO EM FORMOSO, seu primeiro emprego (1982-1985) como menino pobre, porém, lutador.
6. É pesquisador da História de Formoso, de sua cultura e meio ambiente desde 1981; é hoje o maior estudioso do Município.
7. Um dos fundadores do PT EM FORMOSO do qual foi militante por quinze anos (1987-2002).
8. “Jornalista fre-lancer” na imprensa de Unaí e Formosa, período em que publicou vários artigos e reportagens, sobretudo de cunho político sobre Formoso (1987-1997).
9. Um dos coordenadores das eleições municipais de 1988 em que pela primeira vez foi eleito um Prefeito pela Oposição EM FORMOSO.
10. É autor do HINO MUNICIPAL À FORMOSO (1989).
11. Líder do Movimento Estudantil Universitário atuando como Presidente do Centro Acadêmico do curso de História no Uni-Ceub e como membro da diretoria do DCE-Diretório Central dos Estudantes da mesma instituição (1989-1993).
12. Co-responsável pela campanha de LULA à Presidência da República, EM FORMOSO (1989, 1994 e 1998).
13. Um dos fundadores do primeiro sindicato de Formoso em 1991, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, do qual foi seu Diretor de Imprensa e Formação Político-sindical por dois mandatos (até 1995), além de redator de seu Estatuto, demais documentos e registro em cartório, e co-responsável por sua primeira sede própria.
14. PROFESSOR de História e Filosofia desde 1993.
15. Professor do Colégio Visão em Formosa-GO (1993).
16. Um dos fundadores da Associação Beneficente Cristã de Formoso (foi autor de seu Estatuto e seu co-diretor), criada pelo então vereador Benedito Aragão (1994), e hoje proprietária da Rádio Comunitária Formoso FM.
17. ESCRITOR com seu primeiro livro editado sob o título “O Mito da Interiorização através de Brasília” (1995).
18. Nomeado pela Asefe como Coordenador Geral do concurso literário ALUNO ESCRITOR em Planaltina e Sobradinho do qual foram publicados dois livros (1996).
19. Eleito pela comunidade escolar para integrar a Direção de uma escola pública em Planaltina – DF (1997).
20. Eleito membro efetivo da ACADEMIA DE LETRAS DO NOROESTE DE MINAS em Paracatu como representante intelectual de Formoso (1997).
21. Eleito membro efetivo da ACADEMIA PLANALTINENSE DE LETRAS (1998).
22. É casado com Sandra desde 1998 (autora do livro “Antônio Dó de Volta ao Grande Sertão Veredas”). Com ela tem dois filhos.
23. Co-autor do livro “Momento Literário de Planaltina” (1999).
24. Fundador, junto com Sirilo Rodrigues, do Instituto Tradicionalista Formosense, entidade que publicou o primeiro (e único) JORNAL DE FORMOSO, e que circulou por três anos (1999-2002).
25. O poema de sua autoria “Com 130 anos, Formoso entra no 3º Milênio” é escolhido para integrar o livro “Coletânea Escritores Brasileiros Contemporâneos em Prosa e Verso” de Adrião Neto, da Academia Piauiense de Letras em Teresina (1999).
26. Co-autor do livro “Sonhos e Saudades na Abertura do 3º Milênio” (2000).
27. Autor do livro “FORMOSO DE MINAS NO FINAL DO SÉCULO XX – 130 ANOS!” com quase 700 páginas sobre a História de Formoso (2002).
28. Co-autor do livro “Palavras, Sentimento e Paz” (2002).
29. É citado e comentado como autor no livro “Literatura: de Homero à Contemporaneidade” do escritor Ronaldo Mousinho (2002).
30. É autor do livro “Celebração de um Momento Único” (2003).
31. Dirigente do PCdoB no DF(2002-2008).
32. Sua obra vira objeto de estudo da TESE DE DOUTORADO “Margens Escritas: Versões da Capital antes de Brasília” pela Profª Drª Andrea Borghi, no Departamento de Antropologia da UnB (2003).
33. Eleito membro correspondente da ACADEMIA DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES DO VALE DO RIO SÃO FRANCISCO e toma posse em Várzea da Palma-MG (2003).
34. É homenageado em Inhumas-GO pela Academia de Letras, Ciências e Artes – ALCAI, como Intelectual do Ano (2003).
35. Torna-se ESPECIALISTA em Gestão Ambiental de Cidades com pós-graduação pela Universidade Católica de Brasília – UCB (2004-2006).
36. É citado e comentado como AUTOR em páginas do livro “História da Literatura Brasiliense”, do historiador literário Luiz Carlos Guimarães da Costa (2005).
37. É homenageado em Formoso durante a Solenidade Comemorativa aos 80 Anos da Escola Estadual Martinho Antônio Ornelas, sob a direção da Profª Cássia M. Ornelas (2005); e no mesmo ano, na Festa de Julho, pela Secretaria Municipal de Educação, por iniciativa das professoras Ivoneide Prado e Eva Oliveira.
38. É eleito membro efetivo da ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO PLANALTO – ALAP, em Luziânia-GO (2006).
39. É eleito membro efetivo da ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRITORES – ANE (2006).
40. É homenageado em Formoso pela Escola Estadual Nossa Senhora d’Abadia, sob a direção da Profª Carla Ornelas; e recebe como láurea um quadro emoldurado bico de pena com sua caricatura oficial (2006)
41. Co-autor do livro “Geografia Poética do Distrito Federal” (2007).
42. É autor dos livros “Idéias para um Novo Projeto de Cidade em Formoso de Minas”, “Eco-história Local: Formoso em Sala de Aula” e “Com a Palavra, O Menino da Capuava”, ambos publicados em 2007.
43. Câmara Municipal de Formoso aprova e realiza SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO ESCRITOR XIKO MENDES pelos relevantes serviços prestados ao município como PESQUISADOR DA HISTÓRIA LOCAL (2007).
44. Co-autor do livro “De Mãos Dadas Seremos Fortes. E Ninguém Zombará. Ninguém!” (2008).
45. Co-autor do livro “Coletânea ACLAP Candanga” (2008).
46. É autor dos livros “O Centenário de Guimarães Rosa” e “FuXiko na Tribuna”, ambos editados também em 2008.
47. Seu livro ECO-HISTÓRIA LOCAL: FORMOSO EM SALA DE AULA é adotado como LIVRO DIDÁTICO em todas as escolas municipais de Formoso a partir do ano letivo de 2008.
48. Co-autor do livro “Diagnóstico Socioeconômico e Ambiental da Bacia do rio São Bartolomeu” (2008).
49. Torna-se Dirigente do PSB em FORMOSO (2009).

LER É VIVER!


Xiko Mendes

Homenagem aos Estudantes de Formoso, que gostam de ler sobre o nosso Município.

Ler um livro é ignorar fronteiras;
Expor-se à idéias como ao vento;
É derrubar muralhas e trincheiras
Apenas com a força do Pensamento.

Ler um livro é esquecer o relógio;
Porque idéias pulsam como as horas;
Transcendem a morte e os necrológios,
Transformam a vida e a nossa história.

Ler um livro na Escola ou em casa
É sentir sem perceber o que é Liberdade
Porque o livro é como se fosse a asa,
Pois a gente voa em busca de verdades.

Ler um livro é transportar sonhos
No delírio pleno que, em cada palavra,
Me faz ver o quanto me envergonho...
Quando dizem algo do qual não sei nada.

É para isto que sempre leio um livro:
É para saber sempre e cada vez mais.
Com um livro sinto que de fato vivo
Porque viver é não deixar de ler. Jamais!


Agradecimento de quem é, verdadeiramente, FORMOSENSE

Xiko Mendes
Homenagem aos Professores e às Professoras,
que gostam de aprender e ensinar tudo sobre o Município de Formoso.


Obrigado Formoso de Minas,
Espelho-imagem de Menino Risonho!
Obrigado Formoso de Minas,
Terra-mãe da Minha Esperança!
Obrigado Formoso de Minas,
Cidade grávida do meu sonho!
Obrigado Formoso de Minas,
Meu repositório de lembranças!
Formoso de Minas:
– Um lugar que fecunda saudades!
Formoso de Minas:
– O lugar onde habito “meu Paraíso”!
Formoso de Minas:
– Terra onde mora minha Feliz-Cidade!
Formoso de Minas:
– Minha vernácula Cidade-sorriso!
Formoso de Minas:
– Cidade-marco da Trijunção!
Formoso de Minas:
– Encruzilhada da Nacionalidade!
Você, Formoso de Minas,
Só não é maior que meu coração
Por que você – Formoso de Minas
– É minha própria unidade!
Formoso de Minas:
– Lugar onde liberdade é sonho fecundo!
Formoso de Minas:
Você não cabe todo em nenhum livro
Por que você – Formoso de Minas
– É maior que meu mundo!
E este meu mundo está em Formoso,
– Lugar onde me eternizo!
Obrigado Formoso de Minas!
Tu és minha síntese de todo o Universo!
Tu és minha pátria particular de todos os sonhos!
Lugar de partida para o sucesso!
Que o Bairrismo – Unindo Fãs de Formoso – seja
Sua imagem telúrica de Menino Risonho!


Antônio Dó – Herói do Grande Sertão Veredas
Xiko Mendes
“Antônio Dó – severo bandido. Mas por metade; grande maior metade que seja. {...}. Senhor pensa que Antônio Dó ou Olivino Oliviano iam ficar bonzinhos por pura soletração de si, ou por rogo dos infelizes, ou por sempre ouvir sermão de padre? Te acho! Nos visos...”. In: Rosa, Guimarães; Grande Sertão: Veredas, 33ª impressão, Rio, Nova Fronteira, 1988. págs. 9 e 10).

Com permissão do Seu Delegado
Que hoje comanda esta Cidade,
Bato no peito e fico animado
Com a licença da Autoridade.
Quero falar de um Homem Bravo
Que lutava sempre pela Verdade;
Só queria do Poder Togado
A Justiça e a Liberdade.
É Antônio Nunes de França,
Que nasceu em Pilão Arcado;
Deixou a Bahia com esperança
De ser grande criador de gado,
Mas no caminho a vingança
Fez seu direito ser ignorado.
Foi de Monte Azul pra São Francisco
Fixar residência na Boa Vista,
Mas lá num pacto sinistro,
Ele foi vítima de grande injustiça.
Neste mundo de muita fartura
Controlada por coronéis do sertão
Foi trapaceado na venda de rapadura
E ficou sem seu dinheiro na mão.
Aí veio outra disputa dura
Onde ganhou quem não tinha razão.
Convencido de que a Justiça não nega
Na Lei o Direito de Propriedade,
Brigou com o Coronel Chico Peba
E foi preso na cadeia da Cidade.
Aí viu que a Justiça não é cega
Nem tudo ocorre na legalidade.
Passou a não acreditar em mais nada
Depois que saiu daquela prisão,
Pois o Coronel que cercou a aguada,
Motivo da briga em questão,
Ganhou na lei... e na marra!
E ele, além do assassinato do irmão,
Viu a sua fazendinha roubada.
Revoltado com tudo isto,
Fugiu pra bem longe no Sertão.
Deixou a cidade de São Francisco
Atrás de jagunços no Marco Trijunção.
Voltou para vingar o coronel maldito
E ordenou a temerosa invasão
Atacando a sede deste Município.
Ele queria que fosse indenizado
E a promessa feita não foi cumprida,
Pois atrás dele vieram os soldados
Libertando a cidade invadida,
Mas fora dela, seu bando armado,
Derrotou a Polícia na saída.
Lutando contra essa injustiça,
Virou personagem de jornal,
Fugiu pra Vargem Bonita,
Famoso na crônica policial.
Perseguido pelo comandante Felão,
Que incendiou aquele vilarejo,
Correu atirando em toda direção
Tornando-se um Herói Sertanejo!
O Comandante, que não tinha medo,
Fez o povo daquela vila arrasada
Ritualizar a Dança da Troca de Dedos
Na boca e... entre as nádegas.
Antônio Dó foi pro Marco Trijunção,
Divisa de Goiás, Bahia e Minas.
Ali veio nova perseguição,
Pois esta parecia ser sua sina.
Mas agora teve proteção
De um coronel cheio de carabinas!
No Itaguari, afluente do Carinhanha,
Fronteira entre Minas e Bahia,
A Polícia, com a sua sanha
Atrás do bando que perseguia,
Foi derrotada de forma tacanha
E o bando fugiu pra Sítio d’Abadia!
O Comandante Amaral, ferido e só,
Ordena à sua Polícia a retirada.
Deixando Goiás, Antônio Dó
Entra no município de Januária.
Mas antes agradece ao Homem
Que o protegeu em Sítio d’Abadia,
O Coronel Joaquim Gomes,
Que todo o Marco Trijunção temia!
Seu destino agora terá outro fim,
Pois vira “juiz de paz” no sertão.
Vai morar no povoado de São Joaquim
Arbitrando causas em comissão.
Vira um bandido mercenário
Combatendo atos de injustiça.
É a vingança contra latifundiários
Que não respeitam a lei escrita!
Desculpe, Seu Delegado, agora
Por que tudo isto é verdade,
Pois às vezes a Justiça demora
E não julga com imparcialidade.
Como um bandido profissional
Revoltado com erros da Justiça,
Antônio Dó inicia o ritual
De matar e correr da Polícia.
Mas escapam entre os dedos seus anéis
Quando decide matar um fazendeiro,
Consegue contra ele unir os coronéis;
Cai em desgraça e em desespero.
Ousada, a sua quadrilha assassina
Decide matar João Soares,
Latifundiário de Formoso de Minas,
Amigo do Major Saint’Clair F. Valadares.
Associando-se com outros bandidos,
Rouba a fazenda e muito gado.
Daí em diante é perseguido
Sem trégua por todo lado.
O Coronelismo apóia a Polícia.
Agora o que se vê é o anúncio:
“Caiu nas mãos da Justiça
A maioria de seus jagunços!”.
Antônio Dó – o Rei do Sertão,
O Homem com bala na agulha,
Divide o espólio da família Beirão
E leva muito dinheiro na cuia.
O dinheiro desperta a cobiça
Em todos os lugares por onde anda.
A esposa querendo ser viúva rica
Manda matá-lo e contrata o capanga.
Esta cena, que sempre me lembro,
Ocorreu em mil novecentos vinte e nove:
Foi bem no dia 14 de novembro,
Quando Antônio Dó, traído, morre!
Em Serra das Araras ali jaz sem alamedas.
Foi enterrado, cantado em verso e prosa.
Vive nas páginas de Grande Sertão: Veredas
Como personagem de Guimarães Rosa!
E aqui sai de cena o Herói do Sertão,
O Homem do qual tanto se orgulha
Por ter lutado de armas nas mãos
Por Justiça no Vale do Urucuia!!!
Fonte: www.valedoriourucuia.org.br, acesso em maio de 200

MUITO OBRIGADO POR NOS TEREM VISITADO!
VOLTE SEMPRE!
CONHEÇA FORMOSO DE MINAS! É perto; fica a apenas 268 Km de Brasília.
Pofessor e escritor XIKO MENDES.

LUCASIL
(LUtando no Contra-Ataque ao SILêncio)

Essa é uma homenagem à Lei da Transparência, que obriga políticos a prestarem contas de seus atos na internet.


Xiko Mendes

Na cidade de LUCASIL
Ninguém pode abrir o bico.
Lá tem governante hostil
Às pessoas com senso crítico.

Na cidade de LUCASIL
O direito está impedido.
Ninguém fala, ninguém viu.
E o diálogo foi proscrito!

Na cidade de LUCASIL
O Povo não abre a boca.
O dinheiro público sumiu!
A corrupção anda solta!

Na cidade de LUCASIL
Prefeito não divulga as contas.
E quem ousa dizer o que viu
Ele censura e amedronta!

Na cidade de LUCASIL
Não se valoriza a educação.
A saúde morreu no frio,
As ruas se tornaram um lixão.

Na cidade de LUCASIL
Tudo se resolve no grito.
Manda quem é mais viril,
Mais corrupto e mais político.

Na cidade de LUCASIL
O eleitorado já está aflito.
De tanto votar se desiludiu
Com essa elite de político.

Na cidade de LUCASIL
Falar a verdade é castigo.
Lá é qualquer lugar do BRASIL

Onde o POVO NÃO É OUVIDO!



VISTE TAMBÉM

www.unifamparaformoso.blogspot.com

e

www.unidosporumformosodiferente.blogspot.com