Eleições em 2012: Disputa de Poder ou Disputa de Projetos?
Prof. e escritor XIKO MENDES
(Presidente Municipal do PCdoB de Formoso-MG).
Há 48 anos, em 1963, o aparato institucional de Formoso ganhava um espaço definido: a Prefeitura e a Câmara se tornaram alvos da disputa de poder, mas nunca tivemos nessas quatro décadas uma DISPUTA DE PROJETO de desenvolvimento para o Povo Formosense. Nunca conseguimos comparar entre os vários candidatos a Prefeito qual deles tinha o melhor projeto para o futuro da cidade, pois todos até hoje se preocuparam em disputar apenas o poder visando status, interesse pessoal ou manipulação de eleitores não politizados.
Em 2012 parece não ser diferente se analisarmos o quadro de possíveis pré-candidatos que se apresentam hoje. Prevalece a visão personalista que centra as atenções no poder econômico do candidato. O que tiver mais dinheiro será eleito prefeito? Isso é errado! É preciso exigir de quem se candidata a esse cargo que tenha projeto (propostas concretas) para desenvolver o nosso município. Além da falta de projetos, também é notória a falta de opção. Em toda eleição aparecem os “profissionais de carteirinha” em disputar nosso voto. Por isso não é difícil classificar os tipos de candidatos que temos, pois quase todos são iguais na forma de agir. Em Formoso teremos, em 2012, os candidatos Regressistas e os Progressistas. Esse discurso político já está, desde hoje, presente na boca da maioria das pessoas. Os três grupos políticos mais importantes não querem mudanças. Ao contrário, querem que tudo permaneça como está. Daí serem regressistas. Existem os Regressistas Familiocratas, os Regressistas Populistas e os Regressistas “Milionários”.
Os Familiocratas são saudosistas. Desejam que a família Ornelas volte a governar Formoso e, se possível, volte ao tempo em que mandavam sozinhos na Prefeitura e na Câmara Municipal. Esse grupo regressista se subdivide em duas tendências: os Ornelistas “Coroados” (que são uma minoria radical) e os Ornelistas Moderados. A família Ornelas governou Formoso por 29 anos num total de sete mandatos de prefeito. Não há dúvida que prestou relevantes serviços ao município. Construiu a base da infraestrutura rural e urbana, hoje corroída por falta de manutenção de prefeitos seguintes, inclusive o Prefeito Luizinho, que tem apoio dos Ornelistas Moderados. Os familiocratas, entretanto, não tem mais condições políticas para se apresentar como alternativa de poder, pois além de terem exercido vários mandatos no município, oportunidade em que poderia ter mudado o município para melhor, também são cúmplices do Governo do Prefeito Luizinho Silva.
E também cometeram erros. Um deles foi a centralização de poder (e o autoritarismo elitista nos anos 1980) que impediu que surgissem novas lideranças dentro dos Ornelas. Graças a isso, homens empreendedores como Minervino Andrade e Geraldo Édson não foram prefeitos de Formoso. Dinarte Ornelas, por exemplo, é candidato há 30 anos (desde 1982) e nunca elegeu-se prefeito. Cadê seu projeto de desenvolvimento para Formoso? Cadê seu espírito empreendedor para transformar a si mesmo nos últimos 30 anos? Cadê sua vocação progressista? Sua visão de futuro? Além do sobrenome, onde está seu sucesso pessoal? O que mudou em sua biografia nos últimos 30 anos? Os Ornelistas “Coroados” são aqueles que querem os Ornelas no poder simplesmente para retornar o mandonismo familiocrático em que basta o sobrenome como marca e status. Mas logomarca sem meritocracia é inútil.
Os Ornelistas Moderados são diferentes e menos piores. São dispostos a firmar alianças com outros grupos políticos e parecem mais “democráticos” no contato com as diferenças. Toda vez que Dinarte seguiu os Ornelistas Coroados, ele foi derrotado ou excluiu-se da disputa (1988, 1996, 2000, 2004). Quando foi orientado pelos Moderados (1992 e 2008), saiu vitorioso por meio das alianças construídas com a Coopertinga. Por isso, a pré-candidatura de Dinarte sem apoio da Coopertinga, é inviável uma vez que na Oposição terá obstáculos intransponíveis para os adversários do atual Prefeito se unificarem em torno dele. Ornelistas e Orlandistas não se juntam ainda que alguns sonhem com isso! Dinarte como candidato independente terá de colocar Lourival Ornelas no palanque para se fortalecer eleitoralmente. E a Oposição, inclusive o PCdoB, relembrará as vantagens e desvantagens dessa tática típica dos “Coroados”. Tradição não ganha mais eleição. É preciso alianças e mérito!
Os Populistas se fundamentam na idéia de que basta o carisma de seu líder e o conseqüente vínculo político com parte da População de Baixa Renda para que o grupo volte ao poder. Sua principal (e quase única) liderança é o ex-prefeito Orlando José da Silva, que MANDOU EM FORMOSO POR 12 ANOS (entre 1989 e 2004). É justo afirmar que o Orlandismo é um movimento político com incontestável participação na mudança política de Formoso. Se hoje temos liberdade de expressão (esse Jornal é um exemplo), se tivemos cinco candidatos a prefeito em 2008, se o Pobre tem valor (pelo menos pra votar!), tudo isso se deve à primeira vitória da Oposição no pleito de 1988.
Porém, viciado no poder, o Orlandismo contaminou-se do mesmo mal de centralização e hoje não há nesse grupo nenhuma nova liderança que possa fazer o Orlandismo renovar-se de forma competitiva nas eleições de 2012. Se não fizer ampla aliança com outros segmentos da Oposição, terá dificuldades para se reerguer. É possível até que o PCdoB de Formoso avalie com a cúpula orlandista a possibilidade de uma aliança desde que não venham com posições hegemonistas achando-se melhores eleitoralmente que os demais partidos de Oposição.
Os Regressistas “Milionários” são aqueles que não têm base social sólida devido a falta de contatos afetivos com o Povo. Esse grupo é representado por “políticos” da Coopertinga. A maioria tem casa em Formosa-GO, vive e convive em grupinhos de elite onde pobre não é chamado. Esse grupo governa Formoso há sete anos, desde 2005. Para compensar a falta de carisma e de entrosamento com o povão, eles se tornam exibicionistas, mostrando um poder superior ao que é real. Muitos se amedrontam com medo do DINHEIRO DA COOPERTINGA. Mas boa parte de seus sócios deve, junto, mais de 200 milhões de reais, dívida essa que vem dos anos 1990 e já foi prorrogada duas vezes com longos prazos que totalizam vinte anos. A fama de que o pré-candidato desse grupo é forte decorre apenas da estratégia de querer ABUSAR DO PODER ECONÔMICO nas eleições. E isso não acontecerá porque nossa ONG UNIFAM com apoio de outras pessoas fiscalizará para que haja lisura na votação. A Coopertinga tem seus méritos, é verdade, mas sem Ornelas, é vulnerável. E estão há sete anos no Governo Municipal simplesmente reproduzindo as mesmas práticas demagógicas e centralizadoras, sem nenhum projeto alternativo para o desenvolvimento local em Formoso.
Os dados estatísticos abaixo foram extraídos de pesquisas realizadas pelo IBGE durante o CENSO DE 2010 e essas informações revelam quanto Formoso ainda é um município atrasado em relação aos demais situados na mesma região. O NOROESTE DE MINAS é uma região com um total de 19(dezenove) cidades. Formoso é o sexto maior município do Noroeste de Minas em extensão territorial. É o décimo em quantidade de habitantes. Tem o 12º colégio eleitoral do Noroeste.
Formoso tem o 8º (oitavo) maior PIB PER CAPTA DO NOROESTE DE MINAS. É o 13º (décimo terceiro) em ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA ANUAL. Mas dos 19 municípios da Região, Formoso ocupa a última posição em quantidade de habitantes por quilômetro. Isso, por um lado, é bom uma vez que ao apresentar baixa densidade demográfica parece demonstrar um certo equilíbrio na relação entre homem e natureza na ocupação. Por outro lado, isso é uma falácia, pois mais de cinco mil pessoas vivem em área urbana dentro do Município. E apenas três mil habitantes vivem em zona rural mesmo tendo seu território quase dez assentamentos instalados nos últimos quinze anos. O IBGE identificou 2.925 domicílios em Formoso dos quais 668 estavam desocupados, o que representa quase 25% das residências recenseadas. Confira abaixo os indicadores:
Extensão Territorial de cada Município do Noroeste de Minas (em Km2)
1. João Pinheiro: 10.727,460.
2. Unaí: 8.447,098.
3. Paracatu: 8.229,588.
4. Arinos: 5.279,411.
5. Buritis: 5.225,179.
6. Formoso: 3.685,696.
7. Presidente Olegário: 3.503,795.
8. São Gonçalo do Abaeté: 2.692,168.
9. Brasilândia de Minas: 2.590,691.
10. Guarda-Mor: 2.069,789.
11. Vazante: 1.913,395.
12. Bonfinópolis de Minas: 1.789,165.
13. Lagamar: 1.474,561.
14. Lagoa Grande: 1.236,300.
15. Cabeceira Grande: 1.031,313.
16. Dom Bosco: 817,382.
17. Varjão de Minas: 651,555.
18. Uruana de Minas: 598,501.
19. Natalândia: 468,659.
População de cada um dos 19 Municípios do Noroeste de Minas (Censo 2010)
1. Paracatu: 84.718.
2. Unaí: 77.565.
3. João Pinheiro: 45.260.
4. Buritis: 22.737.
5. Vazante: 19.723.
6. Presidente Olegário: 18.577.
7. Arinos: 17.674.
8. Brasilândia de Minas: 14.226.
9. Lagoa Grande: 8.631.
10. Formoso: 8.177.
11. Lagamar: 7.600.
12. Guarda-Mor: 6.565.
13. Cabeceira Grande: 6.453.
14. São Gonçalo do Abaeté: 6.264.
15. Varjão de Minas: 6.054.
16. Bonfinópolis de Minas: 5.865.
17. Dom Bosco: 3.814.
18. Natalândia: 3.280.
19. Uruana de Minas: 3.235.
Densidade Demográfica de cada um dos 19 Municípios do Noroeste de Minas (Censo 2010)
1. Vazante: 10,31.
2. Paracatu: 10,29.
3. Varjão de Minas: 9,29.
4. Unaí: 9,18.
5. Natalândia: 7,00.
6. Lagoa Grande: 6,98.
7. Cabeceira Grande: 6,26.
8. Brasilândia de Minas: 5,67.
9. Uruana de Minas: 5,41.
10. Presidente Olegário: 5,30.
11. Lagamar: 5,15.
12. Dom Bosco: 4,67.
13. Buritis 4,35.
14. João Pinheiro: 4,22.
15. Arinos: 3,35.
16. Bonfinópolis de Minas: 3.28.
17. Guarda-Mor: 3,17.
18. São Gonçalo do Abaeté: 2,33.
19. Formoso: 2,22.
Quantidade de Eleitores em cada um dos 19 Municípios do Noroeste de Minas (ano referência: 2006)
1. Paracatu: 53.837.
2. Unaí: 52.858.
3. João Pinheiro: 32.353.
4. Vazante: 15.684.
5. Buritis: 15.058.
6. Presidente Olegário: 14.540.
7. Arinos: 12.485.
8. Brasilândia de Minas: 8.571.
9. Lagoa Grande: 5.836.
10. Lagamar: 5.773.
11. Bonfinópolis de Minas: 5.044.
12. Formoso: 5.007.
13. Guarda-Mor: 4.916.
14. Varjão de Minas: 4.555.
15. Cabeceira Grande: 4.482.
16. São Gonçalo do Abaeté: 4.246.
17. Uruana de Minas: 2.903.
18. Dom Bosco: 2.838.
19. Natalândia: 2.668.
Receitas Anuais dos 19 Municípios do Noroeste de Minas (ano referência: 2008)
1. Paracatu: 105.900.306,30.
2. Unaí: 96.715.655,11.
3. João Pinheiro: 47.128.645,69.
4. Buritis: 31.956.880,25.
5. Vazante: 31.212.172,00.
6. Presidente Olegário: 26.759,641,50.
7. Arinos: 20.300.798,11.
8. São Gonçalo do Abaeté: 14.997.087,00.
9. Brasilândia de Minas: 14.879.118,51.
10. Cabeceira Grande: 13.914.763,44.
11. Guarda-Mor: 13.297.298,87.
12. Lagoa Grande: 11.602.229,55.
13. Formoso: 11.505.023,88.
14. Bonfinópolis de Minas: 11.470.419,92.
15. Lagamar: 10.489.334,00.
16. Varjão de Minas: 9.971.053,56.
17. Uruana de Minas: 8.624.511,33.
18. Dom Bosco: 7.112.041,98.
19. Natalândia: 7.079.093,20.
PIB per capta a Preços Correntes (ano referência: 2008) dos 19 Municípios do Noroeste de Minas
1. Guarda-mor: 23.365,45.
2. Cabeceira Grande: 18.068,08.
3. Unaí: 17.227,08.
4. Bonfinópolis de Minas: 16.251,25.
5. Buritis: 16.121,04.
6. Vazante: 14.837,56.
7. São Gonçalo do Abaeté: 14.675,44.
8. Formoso: 14.475,05.
9. Varjão de Minas: 13.313,42.
10. Paracatu: 13.179,01.
11. Lagoa Grande: 12.156,73.
12. Presidente Olegário: 12.140,13.
13. João Pinheiro: 11.848,68.
14. Uruana de Minas: 10.639,82.
15. Lagamar: 10.380,03.
16. Brasilândia de Minas: 10.290,21.
17. Dom Bosco: 9.569.05.
18. Arinos: 6.559,51.
19. Natalândia: 6.331,63.
Como se vê, o discurso regressista é feito pelos três grupos que, juntos, mandaram ou estão mandando em Formoso nesses 48 anos. Em 2013, Formoso completará 50 anos como cidade. Os grandes problemas do município não foram resolvidos por nenhum desses grupos. As pontes de madeira estão danificadas, falta rede de esgoto, o lixo contamina o solo, as escolas estão sucateadas, os professores ganham mal, as direções de escola não são eleitas, até hoje não temos um hospital, os idosos e crianças abandonados não têm abrigo próprio, os jovens não têm incentivo, a creche é um arremedo, a falta de transparência nos gastos do Governo estimula a corrupção, o município até hoje não está ligado com os vizinhos por asfalto... Essa é a realidade que deve ser debatida nas eleições de 2012.
Cadê o Projeto de Desenvolvimento para Formoso que nenhum desses grupos colocou em prática ao governarem nosso município tanto tempo? É por isso que temos de renovar a Política em Formoso! A centralização de poder nos governos ornelistas, orlandistas e da Coopertinga (gestão Luizinho) é a prova de que nenhum desses grupos quer novos líderes nem entre eles próprios. Ao contrário, querem se perpetuar no poder usufruindo das benesses sem mudanças reais para os mais pobres. Ornelas, Orlando e Coopertinga precisam entender que é necessário surgir novas lideranças entre eles mesmos.
É hora de surgir um discurso progressista como utopia a ser construída e divulgada pelos sonhadores que desejam um Formoso diferente desse que foi construído pelas elites dominantes que nos governam há 48 anos. É hora de mudança, Povo de Formoso! Vamos dar oportunidade aos mais jovens e aos que se propõem a ser diferentes! A Política, em Formoso, precisa de uma Nova Geração de Formosenses Diferentes! Chega de testar sempre os mesmos candidatos nas urnas! Comparem como esses três grupos nos governaram e verifique se há alguém diferente dentro ou fora desses grupos. Quem centraliza poder é contra a Democracia! Depois da eleição, o Povo precisa participar da Política. Governar significa ter o povo junto decidindo! Isso é diferente! E quem compra voto não quer o Povo participando do Poder.
Diante desse desenho hipotético como se apresenta hoje o quadro sucessório ora exposto, é determinado aos filiados ao PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL – PCdoB, em Formoso, que a melhor solução para a participação do Partido nas eleições municipais de 2012 é o lançamento de uma chapa qualitativamente significativa para a Câmara Municipal de Formoso, com o respectivo lançamento, desde já, de uma pré-candidatura do PCdoB a Prefeito de Formoso ou, em última instância, o Partido concorrerá com um candidato a Vice-Prefeito em chapa oposicionista.
A construção de um DISCURSO PROGRESSISTA passa, sobretudo, pela necessidade de o PCdoB em Formoso construir de imediato um pré-programa de governo, aprová-lo e apresentá-lo para discussão nas possíveis alianças com outros partidos do Campo Popular, Progressista e Democrático. É recomendável que o PCdoB construa diálogos com o PT, o PSC, o PSL, o PDT, o PSB e o PMDB enquanto possíveis aliados estratégicos no campo oposicionista para enfrentar esse DISCURSO REGRESSISTA que quer dar uma marcha a ré na história política do nosso município.
